E em um passe de mágica (PUFF!) Acabaram com o futebol
Por Hugo Fralodeo
Ah, seu Luiz Felipe Scolari… quase me pegou, hein?! Confesso que o senhor quase me derrubou quando desviou a narrativa na coletiva, eu tava esperando fazer algum trocadilho com a entrevista anterior e falar da tal da “mágica”. Eu até já havia pensado em relacionar com a pulsante canção de Roger Taylor, ‘A Kind Of Magic’, presente no albúm homônimo, de 86, do Queen. Que pena….
Falemos então sobre o fim do futebol, que acabou em um passe de mágica. Cá entre nós, sem pressão, muitos podem não perceber até, mas já tá meio tarde pra desviar o foco com a mudança de narrativa. Não é o momento, professor. A Massa já tá chateada, desconfiada, desesperançosa e com raiva o suficiente. O futebol acabou mesmo, mas foi o futebol do Atlético.
Considerando que o empate com o Fluminense foi obra não assinada de Lucas Gonçalves, podemos dizer que o Atlético teve cerca de 35 minutos de futebol DECENTE, pois, veja bem, foi um futebol ainda meio arrastado, não se pode dizer que aquilo foi bom. E foi decente graças a Battaglia, o único em campo que parecia querer jogo no primeiro tempo na Arena do Grêmio. E não é só um jogo, como podemos observar: o Atlético foi péssimo na derrota pro Fortaleza, fez o mínimo no empate com o Libertad, desistiu de jogar e cedeu o empate ao América, foi pobre ao perder pro Corinthians e fez jogo sofrível no 0x0 com o Goiás. O futebol acabou.
Eu sei, eu sei, Felipão não foi bem contratado pra treinar, ele parece estar na Cidade do Galo pra ser um escudo, justamente pra tentar flertar com o absurdo, com a mágica, com a morte do futebol, tudo isso pra tentar centralizar o direcionamento das críticas, porque, realmente e infelizmente, o dia que o Felipão sair do Atlético, passa um tempinho e nem lembramos. Não fará diferença pra gente porque teremos outros pra apontar os dedos. Não faz diferença pra ele porque ele já tinha largado mesmo….
Não adianta chegar na Cidade do Galo com o discurso armado, um plano mais ou menos e fingir que simplesmente fazer o contrário do antecessor vai dar certo. Um pediu reforços, o outro diz estar satisfeito com o grupo; Surgem boatos de que um não queria utilizar a base, (misteriosamente) o outro enumera os jovens que tem no grupo e coloca pra jogar justamente o que teria sido barrado pelo anterior; Um faz “rodízio” pra não perder peças, o outro tenta escalar os mesmos 11 e perde jogadores importantes com lesões musculares. Percebemos um padrão? Mágica é mais um sentimento, algo lúdico, uma manifestação da imaginação de uma criança, por assim dizer, é o que a companhia do rato de voz fina tenta encapsular e vender. O que o ilusionista faz são truques.
Como eu falei em truques, como já citei uma canção, como estamos falando de algo que acaba e desaparece, invoco outra belíssima peça, ‘Your Latest Trick’, Dire Straits, do Brothers in Arms, de 85 (uma das “a música do saxofone”), versa que “nós já estamos do lado de fora do paraíso, nos sentindo tão desolados quanto um mendigo que percebeu que a garrafa estava vazia e não restava mais nada”. É isso aí, gente, não tem mais nada, não adianta espremer, não tem mais uma única gota, é isso aí mesmo, o futebol acabou. E o ano do Atlético está pra acabar oficialmente.
Eu só queria que, quando ficar mais claro pra mais gente que o problema não foi a famigerada coletiva depois da derrota na estreia na fase de grupos da Libertadores, não foi pedido por reforços, não foi despedir-se de jogadores no vestiário, não foi o rendimento do time, e parece ter mais a ver com atender a caprichos, alguém venha explicar e botar na ponta do lápis, já que o Atlético joga pela linguagem do dinheiro, uma vez que o futebol acabou, o que significa um prejuízo maior: embolsar R$ 30 milhões vendendo o Allan pra um rival, achar que “folha competitiva” é o mesmo que elenco bom, ser eliminado na Libertadores e o primeiro jogo internacional da Arena MRV ser em 2024 e na Sulamericana, ou ter convicção no trabalho de campo, o departamento de futebol fazer seu trabalho e convencer o Allan a fechar o ano, prestigiar e dar um atacante pro treinador que fez todo o trabalho de montagem de elenco, pré-temporada e construção do time.
Pode fechar as cortinas, acender a luz, deixa a assistente de palco serrada ao meio mesmo, a pomba saiu voando, o coelho fugiu da cartola. O respeitável público pode ir embora, o mágico já decretou: Isso é tudo, pessoal! O show acabou. Não precisa mais pagar GNV, comprar camisa de R$ 349,99, assinar pacote de TV ou streaming e pay per view, muito menos comprar ingressos pro espetáculo, o torcedor não paga mais a conta, ele paga o pato, porque o futebol acabou de acabar.
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