O Atlético me fez viver 116 anos em três décadas
Por Hugo Fralodeo
25 mar 2024 00h13
Tá, pouco mais de três décadas, é verdade. Não importa quantos anos quebrados a mais na quarta década que está em curso, o que importa é que tenho a sensação de ter vivido mais de um século e que quase tudo que tenho, tenho por causa do Atlético.
Não sei se quando os 22 estudantes se reuniram no Parque Municipal e fundaram o Athlético Mineiro Football Club (CAM a partir de 1912, mas sempre ATLÉTICO), eles tinham a noção do que estavam fazendo e o “problema” que criaram para milhões e milhões de pessoas. Espero que alguém volte a contar essa história algum dia.
Até eu entrar no trem da história, o gol de Aníbal Machado, o primeiro dos 48 títulos das Gerais, a maior goleada do clássico, o Estádio Antônio Carlos, o Trio Maldito, o primeiro Campeonato Brasileiro do CAMpeão dos campeões, a vitória no gelo, a construção do Mineirão para comportar a Massa, Dadá parando no ar, o esquadrão liderado por Reinaldo entre o fim da década de 70 e meados da década seguinte. Coisas que, repito, quero ver serem contadas mais uma vez.
Quero que isso continue sendo reverberado, pois a lembrança é uma das formas de se viver. Eu não estava lá, mas eu sei que isso faz parte de mim. Parece que desde a primeira vez que eu gritei GAAAAAALOOOOO!, meu corpo, minha alma, meu coração e meu sangue foram sendo impregnados pelo preto e o branco, como se isso fosse costurado aqui dentro com a linha e a agulha que a mãe do Galo forjou a nossa bandeira e os nossos uniformes listrados (também desde sempre).
Cada vez que catei no gol e gritei Taffareeeeeeel, toda vez que fiz um gol e narrei como se fosse Valdir, Marques ou Guilherme. A primeira vez que vesti o Manto Sagrado. Aquele Atlético e Caldense no dia 12 de abril, quando fiquei maluco em pisar no Gigante da Pampulha pela primeira vez. Todas as vezes que subi e desci a Antônio Carlos à pé, todas as vezes que “dormi” na fila do ingresso na sede, todas as vezes que pisei em um gramado e, contra todas as expectativas, corri como se minha vida dependesse daquilo, todas as vezes que vibrei, chorei, gritei, cantei, pulei, todas as taças que eu vi serem levantadas, cada vitória, cada empate, cada derrota. Cada jogador que idolatrei ou que xinguei. Cada treinador que aplaudi, cada um que vaiei ou chamei de burro. Cada texto que escrevi, cada comentário que fiz, cada programa que participei, cada informação que noticiei e algumas pessoas que entraram na minha vida por causa do grandioso, gigantesco, imenso, colossal, monumental Clube Atlético Mineiro, tudo isso vai sendo a condensação da história toda na minha memória.
Em algum momento dos próximos 116 anos, é certo que eu já não estarei mais aqui, assim como você que está lendo. Mas olha como o trem é doido, de alguma forma, da mais simples que seja, você e eu já fazemos parte disso tudo, já contribuímos para que a nossa ideia, nossas cores, nosso sentimento e nosso amor vivam mais esse tempo todo.
É muito difícil perceber a dimensão do que estamos vivenciando quando estamos inseridos no contexto. Mas pode acreditar, daqui 116 anos – mesmo que a gente tente, não é possível sequer imaginar como será a vida lá -, eu tenho certeza que terá alguém olhando o que vivemos agora e sentindo por nós o mesmo orgulho que temos pelas gerações passadas. Ele, ela ou eles continuarão carregando o Atlético nas costas e no coração.
Confesso que não sei como encerar o papo. Como compositor, sei que a gente nunca termina uma canção, a gente só se cansa de tentar chegar à perfeição. É mais ou menos como nossa relação com o Atlético, nunca será completamente perfeita, mas será perfeita do jeito que é. Percebi também que nem este texto, nem seu propósito e nem nosso amor pelo Atlético e sua caminhada têm fim, no máximo um ponto final para outro começo. Enquanto houver alguém para lutar por nós, o Galo será eterno.
Obrigado, Clube Atlético Mineiro, parabéns!
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