Kichán Pavón: ‘sócio’ de Messi, craque para Ibrahimovic e agora, atacante do Galo
Por: Hugo Fralodeo –
Há pouco mais de quatro anos, quando a última Copa do Mundo estava para começar, Cristian ‘Kichán’ Pavón, era ra tido como a esperança de salvação da Argentina de Lionel Messi e Jorge Sampaoli. Aos 22 anos e tendo acabado de protagonizar dois títulos nacionais no Boca Juniors, Kichán foi convocado para a seleção e bastaram apenas 6 partidas, 168 minutos e três jogadas que resultaram em gols, para que fosse apadrinhado pelo melhor e maior jogador da geração. Nas palavras do próprio Leo, o camisa 10 havia encontrado novo ‘sócio’ para lhe ajudar a conduzir a Argentina ao topo.
Kichán estava garantido no mundial, caminhava para a idolatria de um dos clubes mais tradicionais das Américas e do mundo, ostentando 70 partidas consecutivas atuando como titular (fazendo de seu apelido, ‘touro’, realidade) e o posto de maior garçom da Argentina, com 30 assistências em três temporadas, tinha multa rescisória estipulada em 35 milhões de dólares (cerca de R$ 135 à época) e era constantemente apontado como alvo dos maiores clubes europeus, estampando capas de jornais espanhóis garantindo que Messi teria requisitado sua contratação ao Barcelona. De concreto, quase foi parar no Arsenal, da Inglaterra.
A Copa da Argentina foi um fiasco, Pavón teve leve queda de rendimento, talvez pela própria decepção no mundial e a permanência no Boca, mas ainda foi importante na campanha xeneize no vice-campeonato da América. Na virada do ano, já não desempenhava em sua melhor forma, mas ainda atuava em bom nível. Sem propostas reais da Europa, sua prioridade, Cristian foi emprestado ao LA Galaxy, time dos mais badalados da MLS.
Nos Estados Unidos, foi tratado como grande reforço, recebeu a 10 e encontrou outro grande nome do futebol mundial, o atacante sueco Ibrahimovic, que faria dupla com o jovem argentino. Dois jogos depois, Ibra – que não é lá muito de fazer elogios a outras pessoas que não seja a si mesmo -, disparou que Kichán era um jogador diferente e que a Liga norte-americana deveria aproveitar sua estadia por lá, pois ela não duraria muito tempo, Pavón era “bom demais para a MLS”. A passagem de Pavón pelos Estados Unidos não foi ruim, longe disso, acumulou 35 jogos, 14 gols e 8 assistências. Mesmo assim, o Galaxy não quis pagar os 20 milhões de dólares que eram estipulados em contrato para manter o atacante em definitivo, que retornava ao Boca.
A segunda passagem pelos xeneizes é mais viva na memória de quem acompanha o futebol sul-americano. Uma lesão mal tratada no tornozelo, polêmicas extra-campo, desvalorização contratual, rompimento com a diretoria…, fatores que culminaram na decisão do atacante partir de Buenos Aires, decisão essa que causou seu afastamento. Entretanto, o último tango de Pavón com a camisa do Boca, ainda em dezembro, foi para deixar um gosto do que os torcedores xeneizes já tiveram e do que estavam perdendo: Kichán meteu dois gols e duas assistências.
Pavón surgiu como mais uma grande revelação argentina, empolgou em seu começo pelo Talleres, foi contratado pelo Boca e emprestado ao Colón, antes de seguir para Buenos Aires. Jogando prioritariamente pelas pontas, seja pela esquerda ou direita, era completo, entregando habilidade e técnica com muita velocidade. Jogador de drible e como os números mostram, de muita qualidade no passe, servindo muito a seus companheiros em cruzamentos por baixo e pelo alto, e também nas enfiadas. Como é comum em jogadores dessas características, demorou a botar o pé na forma e aumentar seu poder de finalização, mas evoluiu e alcançou um bom chute em curva de fora, também sem passar vergonha cara a cara com os goleiros e nos chutes cruzados. Sempre teve personalidade, mesmo sendo tranquilo em seus primeiros anos de carreira. É o cara que parte para cima, se livra fácil dos adversários e coloca fogo nas partidas. Mas, com todas essas qualidades e início promissor, por quê ele não está jogando a Champions League? O que aconteceu com Pavón?
O que aconteceu com Pavón foi o futebol. Pavón é mais um daqueles jogadores que despontam como promessas de craque, mas algo acontece no meio do caminho e esse potencial, infelizmente, acaba sendo contido. Kichán ainda é jovem, tem apenas 26 anos e muita carreira pela frente. Não se tornou o craque que se esperava, mas também não se transformou em qualquer um de um dia para o outro. O Atlético não recebe um jogador que deveria estar nos grandes palcos da Europa, mas também não assina com uma promessa frustrada que perdeu seu futebol em um canto da Bombonera. O Pavón que chega ao Atlético tem condições de contribuir para um grupo já formado e sem a obrigação e pretenção de ser a maior fonte de qualidade de um time, este Pavón pode agregar bastante a um elenco que já sofreu muito com a falta de peças no setor onde irá encaixar.
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