Fim de feira a lá Atlético Mineiro
Por Max Pereira
Ainda que a temporada do futebol no planeta esteja longe do fim e o clima de Copa do Mundo fora de época venha ganhando força e sacudindo o imaginário de muitos aficionados do esporte bretão, aquele cheiro de fim de feira no futebol brasileiro é indisfarçável e com ele aquelas especulações que sempre ocupam as mídias convencional e alternativa tão logo os jogadores que atuam no futebol tupiniquim entram em férias já tomam corpo e começam a pulular aqui e ali.
Particularmente, o Atlético, nesses tempos de final de temporada brasileira e de abertura da janela internacional de transferências em janeiro, como sempre e, não poderia ser diferente, se torna, ao mesmo tempo, geratriz e alvo, de um sem número de notícias e de “notícias”. E é sempre uma missão estóica e espinhosa para quem se preocupa com o trato responsável e diligente das informações do clube e sobre o clube, filtrar, depurar, separar o joio do trigo. E, claro, nunca pode contar com a ajuda do clube, sempre falhou no que tange ao cuidado de administrar e blindar os seus segredos de negócio e as suas informações estratégicas e, à arte de ser transparente.
Ainda que, por amor à justiça e à verdade, se deva reconhecer que este fenômeno não é exclusivo do Atlético, necessário se faz admitir que o alvinegro das Gerais é talvez o clube do futebol brasileiro mais suscetível às fake news. O problema se agrava quase sempre em razão de uma deficiência crônica de sua comunicação institucional. A palavra do clube deveria ser algo respeitável e respeitada. Mas, não é. Recentemente a comunicação institucional do Atlético virou chacota dentro e fora das fronteiras de Minas em razão de algumas notas oficiais mal elaboradas e consideradas desnecessárias, pouco ou nada elucidativas, pueris até. E olha que o clube tinha lá as suas razões, mas faltou firmeza, credibilidade.
Depois de um ano dentro de campo complicado e muito ruim, o Atlético chega ao final de 2022 longe da bonança. Cuca deixa o clube pela terceira vez e, polêmicas à parte, vale repisar o alerta que, mais de uma vez, fiz neste e em outros espaços quando a situação de “El Turco” ficou insustentável e o mundo atleticano, com raras exceções, pedia a cabeça do treinador argentino: não adianta trocar o treinador sem fazer um diagnóstico profundo sobre tudo o que tá acontecendo nos interiores do clube, vez que se estaria apenas mascarando os problemas e adiando o desastre.
O Atlético chega às vésperas da inauguração de sua casa nova cheia de indefinições, polêmicas, desafios, interrogações e incertezas e prestes a sofrer a mais radical e importante transformação de sua história. Portanto, o fim de feira a lá Atlético Mineiro poderá, se muitos cuidados não forem tomados, ser também o mais desastroso da vida do clube.
Muitas saídas entre tantas outras chegadas, o futuro do diretor do futebol, saia ele agora ou não, o nome do novo treinador, seja ele oficialmente confirmado ou não, o nível de aceitação ou de rejeição do novo comandante do time, quem deve ser o futuro dono da SAF atleticana e quanto este deverá investir no clube, serão óbvia e preferencialmente o mote das mil e uma especulações que tomarão conta do imaginário do pobre apaixonado torcedor alvinegro.
Não sem razão o atleticano apaixonado e passional por natureza certamente terá muita dificuldade em separar o jornalismo sério do mercado da bola do noticiário chulo, panfletário, midiático e por vezes mentiroso. Nesse complexo e multi bilionário mundo da bola, onde vários agentes normalmente já se interagem e muitos interesses alienígenas se misturam influenciando, algumas vezes para o bem, muitas outras para o mal, a vida e os interiores dos clubes, este momento particularmente cheio de interrogações e de indefinições do Atlético, deixa o Gloriosos perigosamente vulnerável e o torcedor minimamente antenado bastante preocupado.
Copa do Mundo à parte, tempos de fim de feira para os clubes brasileiros. Tempos de fim de feira a lá Atlético Mineiro.
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal FalaGalo.