Derrotas fazem parte do futebol, algumas até provocam um choque de realidade (não, eu não farei críticas vazias)
Por: Hugo Fralodeo
É lógico, a derrota é um dos três resultados possíveis do jogo, pertence ao futebol. Aliás, se eu for dar uma de doido, diria que, também de forma óbvia, a vitória é o resultado mais difícil, uma vez que há duas chances de não vencer (empate e derrota) contra apenas uma de vencer. Apaga. Desculpe. Eu tenho o que dizer, não vá embora.
Em São João del Rei, a invencibilidade de Chacho Coudet e seus comandados foi embora. Depois de 11 jogos, o treinador argentino conheceu seu primeiro revés à frente do comando técnico do Atlético. Nas sete vitórias e quatro empates anteriores, momentos de bom futebol, outros nem tanto, momentos contestáveis e contestados, destaques positivos, negativos…. Enfim, tudo aquilo que faz parte das quatro linhas para dentro.
Claro, nunca é uma boa hora para perder. Como você, eu torço e espero que o Galo vença todos os seus jogos, aniquile os adversários e cantemos Vou Festejar após cada apito final. Aliás, eu preferiria que todos os outros clubes fossem extintos e tudo se resumisse ao Clube Atlético Mineiro. Ou não, pois eu gosto muito de ganhar dos outros times. Peraí, então a possibilidade de perder supracitada tem relação direta com o gosto tão doce da vitória?! Interessante….
É um fato que o Atlético não jogou bem na Arena Unimed, não considero que os pênaltis tenham tanto impacto no resultado final, o Atlético segue com a obrigação de reverter o resultado no final da semana e continua com o favoritismo ao título Mineiro, independente de quem virá da outra semifinal. Mas isso nem vem ao caso agora. Eu falo com você que estava esperando um resultado negativo de Chacho e turma para acionar as teclas do mal e sair espinafrando por todos os cantos das “redes sociais” da vida: Você é torcedor, tem direito de cobrar, QUASE sempre terá a “razão”, não tem tanta obrigação assim de ter memória recente tão vívida. Mas, contudo, porém, entretanto, todavia, você se lembra de 2022? Você foi um dos que pediu reformulação do elenco e depois reclamou dos nomes que deixaram a Cidade do Galo?
Nem vou entrar no principal ponto em foco: Sim, é início de trabalho, são APENAS 12 jogos (sim, aceite, 12 jogos é muito pouco. Ou você aplaudiu aos 12 primeiros jogos da temporada 2021?), cinco jogadores que são regulares no time titular são reforços para esta temporada (Saravia, Lemos/Fuchs, Edenílson, Patrick e Paulinho), outros dois já estavam aqui, mas eram reservas em 2022 e sofreram com lesões (Dodô e Pedrinho), é uma outra metodologia, ainda há a busca pela melhor compreensão das ideias. Também não vou citar o fato de que a rotação (que é EXTREMAMENTE NECESSÁRIA) prejudica um pouco a amostragem analisada, uma vez que, literalmente, tudo muda.
Aproveitando que trouxe isso para a conversa, outro fato que você precisa aceitar e reconhecer é que, a ideia está ali presente, mecanismos já são conhecidos, metodologia já sendo implementada, automatismos já sendo absorvidos, pensamento fluido e orgânico já esboçado, ainda que isso tudo não esteja sendo perfeitamente executado, o que é aceitável nos 12 PRIMEIROS JOGOS DE UM NOVO TRABALHO QUE COMEÇOU DO ZERO. O Atlético de Coudet tem padrão de jogo, pois te conto uma novidade: padrão de jogo não significa jogar bem todo jogo, uma equipe padronizada é uma equipe que sabe o que fazer, quando fazer, onde fazer, independente de quem esteja em campo e da rotação das peças. (Abro um breve parênteses para te esclarecer também, que modelo de jogo não é o mesmo que esquema tático. Se Chacho passar a formação para o 4-3-3 só para te agradar, os jogadores cumprirão as mesmas funções atribuídas no 4-1-3-2, só que, em lugares diferentes do campo).
Voltando às derrotas, o Arsenal invencível de 2003/2004 conquistou a Premier League com 26 vitórias e 12 empates (90 pontos). O atual Arsenal, que lidera a temporada 2022/2023, já soma 21 vitórias em 27 jogos, está a cinco de alcançar a marca dos Invincibles liderados por Henry e Bergkamp, mas isso pouco importa, mas não por já ter perdido três jogos no atual campeonato e não poder levantar mais um caneco dourado, e sim porque pode ser o primeiro título dos Gunners depois de 19 anos. Falando nisso, o Manchester City dos 100 pontos de 2017/2018 deve ser menos valorizado que os Invincibles por conta das duas derrotas? E as 32 vitórias que teve? Que, inclusive, soma um número maior do que as 26 do Arsenal invicto. E o Liverpool vice-campeão com 98 pontos?
E ainda posso (e vou) fazer mais relações: guardadas as devidas proporções, o mesmo Arsenal de Arteta que faz a campanha atual era o Arsenal que patinou nas duas últimas temporadas, no COMEÇO DE TRABALHO do espanhol. Já que estamos na Inglaterra e falei de City e Liverpool, você lembra do primeiro ano de trabalho de Klopp (2015) e Guardiola (2016) à frente de Liverpool e Manchester City, ou só tem clara a imagem do retrato final, as taças pro alto?
Voltando para a Cidade do Galo, deixando os devaneios de lado e trazendo o papo de volta para a realidade do Atlético. Trabalhos têm começo, meio e fim. O trabalho de Coudet está apenas no início. Muita água vai rolar por debaixo dessa ponte ainda e, principalmente, continuo dizendo que não há hora boa para perder, mas seria muito duro o golpe se o Galo chegasse invicto ao Brasileirão, à fase de grupos da Libertadores ou às fases agudas da Copa do Brasil, o que realmente importa, e você dissesse “tá vendo, quando era contra times de Série D, C, B e sem divisão estava invicto”.
Que essa primeira derrota do Atlético no ano seja um choque de realidade para você e para mim, porque eu tenho certeza que a turma na Cidade do Galo tá bem ciente dela.
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Foto: Pedro Souza/Atlético