Coluna Preto no Branco: A escolha da Sofia atleticana!
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Por Max Pereira @MaxGuaramax2012
A Escolha de Sofia é um romance de William Clark Styron publicado em 1979 e que foi adaptado para o cinema em 1982. No filme dirigido e roteirizado por Alan J. Pakula, a extraordinária atriz Meryl Streep deu vida à Sofia Zawistowski, personagem polaca, assombrada pela terrível escolha que precisou fazer um dia e que não somente definiu o resto da sua vida, como também se tornou uma expressão idiomática: fazer uma “escolha de Sofia” significa ver-se forçado a optar entre duas alternativas igualmente insuportáveis.
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Você se depara com uma decisão quase impossível de ser tomada. Você precisa optar entre duas escolhas igualmente perturbadoras. Você está frente a uma ‘escolha de Sofia’. Embora a história de Sofia revele um dos mais cruéis sofrimentos a que o ser humano pode ser submetido, não há exagero em se utilizar a expressão “A Escolha de Sofia” para escrever e falar do sentimento que vem perturbando um número cada vez mais significativo de atleticanos.
“Estou muito cansado”, dizem muitos. “O Atlético hoje tem dono. Não me sinto identificado mais”, exclamam outros tantos. “Eu estou, a cada dia, mais longe desse Galo da SAF, nenhuma identidade, triste mas é uma realidade”, desabafou o amigo e atleticano, João Diniz Júnior, ex-presidente do IPSEMG.
E o grande Júnior ainda emendou: “Só mesmo de lembranças o atleticano raiz viverá. Não temos mais aquela massa que torcia contra o vento, mas consumidores de uma atividade colocada à venda. Inaceitável esse tipo de comportamento!”.
Este distanciamento, fruto de uma sensação de que o sentimento de pertencimento, marca indelével dessa Massa fantástica e dessa relação clube/torcida sem igual, já não é o mesmo, é de fato doloroso, compreensível e preocupante. Entre o torcer para uma SAF, para um time que tem dono, algo ainda intangível para muitos e o afastar-se do time do coração, atitude que causa muita dor, o galista apaixonado vive hoje momentos de Sofia.
Não, não se trata de uma simples escolha. Se trata de um conflito delicado e, para muitos, insuportável. O não mais conseguir identificar-se com o seu clube é, com certeza o maior desencanto do atleticano nestes 115 anos de existência desse Galo maluco, apaixonante, bipolar e agora bi-partido entre associação e empresa. O desalento e a desesperança de muitos têm raízes fincadas nessa alteração radical do modelo societário do clube e, claro, são potencializados pelas atuações irregulares do time nos últimos dois anos.
Muito se tem falado sobre esse “novo” torcedor que tem frequentado a Arena MRV. Frio, apático, distante, elitizado, sem alma, são algumas das expressões utilizadas para definir e explicar o comportamento da torcida alvinegra na nova casa do Galo que em nada lembra, ou até o jogo contra o Grêmio lembrava, aquela Massa vibrante, envolvente, participativa dos tempos do Mineirão e do Horto.
“Onde está ou estava aquela torcida que amarrava as chuteiras dos jogadores com as suas próprias veias, virava e vencia jogos impossíveis, derrotou o vento e acreditou até quando ninguém mais punha fé no time alvinegro?”, perguntavam-se muitos.
“É problema de acústica”, tentavam explicar alguns. “Ah! A Galoucura está posicionada no nível inferior e não se faz ouvir como acontecia no Mineirão e no Horto”, sugeriam outros. A verdade, porém, é que, independentemente destes fatores, a crise de identidade era visível, latente e estava fazendo estragos.
O jogo contra o Grêmio foi um diferencial e marca o renascimento da torcida raiz do Atlético, agora na nova casa do Galo? Pode ser. Quem viver, verá. Foi o último jogo na Arena em 2023. A última partida em Belo Horizonte será no Mineirão, o nosso velho Salão de Festas. Será o prenúncio de algo maior?
Mesmo sem o time ter sido brilhante, valeu à pena. Estive lá e, no geral, gostei. Vi a Massa, pela primeira vez, começar a se incendiar na Arena, ainda que longe daqueles momentos memoráveis do Mineirão e do Horto.
Ouvir a Massa e gritar com ela “Eu Acredito”, ainda que sem a explosão, a emoção, o volume e a fé dos tempos do biênio 2013/2014, foi muito bom, melhor foi maravilhoso perceber um sinal, mais do que claro, de que a relação clube/torcida, muito machucada e até colocada em xeque por muitos, ainda tem seiva e força.
O Clube Atlético Mineiro, Galo Forte Vingador, só se tornou o gigante que é graças ao trinômio clube/time/torcida. Sem qualquer um deles, o ATHETICO MINEIRO FOOTBALL CLUB, fundado naquele já distante 25 de março de 1908 não seria o que é hoje e nem chegaria aos dias atuais sendo o objeto da paixão e da idolatria de milhões de aficcionados. O atleticano não torce apenas, ele celebra a sua atleticanidade.
Há um lado místico nisso tudo? Claro que há. E eu explico. Veja, por exemplo, a mística que envolve o número 13. A cantora norte-americana Taylor Swift é “fanática” pelo número 13 e não é à toa. Ela já declarou que tudo em sua vida acontece baseado no número 13. Mas, segundo a numerologia, isso é algo realmente bom?
“Transformação é o seu desejo, não importando se irá gerar benefícios ou caos”. Eis o lema de quem tem, de fato, afinidade ou sincronia com o número 13, como é o caso de Taylor Swift. Essa mística pode ser explicada em razão da data de nascimento, lendas, superstições. Um exemplo famoso deste é a mítica missão Apollo 13.
O número 13 tem lá os seus mistérios? Tem, responderia uma infinidade de seres humanos. Treze é um número enigmático por carregar uma energia vibracional intensa, valendo, assim, a intenção direcionada a esse número. Assim, esotericamente falando, encontramos povos e culturas que amam e odeiam o 13: Em algumas tradições mágicas, o 13 é visto como um número de poder e transformação, associando-o a mistérios e conhecimentos ocultos.
De uma coisa tenho certeza, não é sem razão que Galo é 13. Afinal, a Massa, que um dia derrotou o vento, já não mostrou um poder e uma capacidade de transformação de jogos e de resultados que a tornaram a mais temida e respeitada do país?
Se o Atlético diante do Grêmio foi brilhante no resultado e na superação de seus próprios problemas e limitações, ainda que o time atleticano, aos meus olhos, estivesse longe de encher os olhos, o jogo valeu pelos três pontos, por praticamente garantir uma vaga na libertadores e por encher o time de moral antes da partida contra o Flamengo, o jogo do ano para ambas as equipes.
Valeu mais ainda, pelo despertar da Massa e por mostrar que o tsunami que se abateu sobre a torcida também pode ser derrotado e que as Sofias atleticanas, juntas e misturadas, torcendo, vibrando e jogando com o time e com o clube, poderão, enfim, se ver livre de suas escolhas perversas, gargalhar e serem felizes, curtindo sua maior paixão.
E espero que tenha válido para mostrar que sem um clube forte, com sua história e identidade preservadas, ungido por este sentimento de pertencimento entre Massa e clube, qualquer SAF não tem futuro.
TEXTO OPINATIVO, DE TOTAL RESPONSABILIDADE DO AUTOR. O PORTAL FALA GALO, NÃO NECESSARIAMENTE, CONCORDA COM O CONTEÚDO.