Atuações boas ou ruins de qualquer time são a consequência inevitável do que acontece fora de campo!

Por Max Pereira @MaxGuaramax2012
E COM O ATLETICO NÃO É E NEM PODE SER DIFERENTE. Errar e acertar fazem parte da vida. Os erros e os acertos estão presentes em todas as atividades, gestões, governos, experiências, trabalhos, tarefas e também em falas, opiniões e teses formuladas aqui e ali sobre qualquer tema ou assunto. Assim, o que o resultar dos erros e dos acertos fora do campo será inevitavelmente refletido dentro dele.
Nada na vida é retilíneo e perene. A própria vida tem um fim. E fim em sentido amplo: como objetivo e como ponto final, inexorável e sem volta. O grande desafio é buscar permanecer no topo ou próximo dele o maior tempo possível e, claro, permanecer na baixa o menor tempo possível. E, óbvio, tudo isso vale para qualquer esporte e para o futebol em particular.
Mas o que é certo e o que é errado? O que é certo para mim pode ser errado para vc e vice-versa. E mais: as más fases dos times e dos jogadores em particular são inevitáveis, recorrentes e quase sempre não são toleradas pelo torcedor, figura fundamental, indissociável e via de regra tradicionalmente passional e irracional desse complexo universo chamado futebol.
Nesse sentido, e conhecendo o perfil do torcedor atleticano, torna-se fácil compreender as reações virulentas e as agressões a este ou aquele jogador depois de cada jogo do Atlético, cujas atuações pífias, cada vez mais frequentes e irritantes, estão tirando o sono e a tranquilidade de cada galista apaixonado.
E não há como evitar um comentário injusto, um impropério indevido ou uma fala preconceituosa que sempre surgem depois de uma má atuação e, principalmente, depois de uma derrota. O caminho mais fácil que muitos torcedores percorrem de forma quase sempre acrítica e açodada e que agrada aos inimigos do clube é aquele no qual bodes expiatórios são eleitos e uma caça às bruxas insana e cruel é deflagrada e potencializada.
Cada profissional e cada organismo envolvido, direta ou indiretamente, em uma partida de futebol, jogadores, treinadores, comissões técnicas, funcionários que de alguma forma participam do processo, dirigentes, conselheiros, torcedores que vaiam e que aplaudem, que cobram de acordo com o seu juízo de valor, formadores de opinião, youtubers, árbitros, VAR, entidades desportivas, agentes, empresários, televisão, imprensa, patrocinadores, parceiros e investidores, têm, proporcionalmente ao seu nível de poder, de decisão e de influência, a sua parcela de responsabilidade em relação ao que acontece dentro e fora de campo e por ela devem ser cobrados.
As condições e o tipo de gramado, o clima, a temperatura, a logística sempre complicada das viagens, o calendário perverso e sufocante, os desgastes inevitáveis, as contusões, por vezes recidivas, as suspensões, as trocas extemporâneas e mal planejadas de treinadores, as mudanças no elenco, também mal conduzidas, são outros fatores que se conjugam desfavoravelmente ao bom futebol.
Alguns jogadores dentro de campo mostram claramente que algo os está incomodando e impossibilitando de render e entregar o que podem e já ofereceram em outros momentos. Ninguém desaprende de jogar futebol. Pavón é hoje um exemplo típico de um atleta em má fase que certamente precisa de cuidados que vão muito além da preparação física e técnica e de qualquer ajuste tático para voltar a jogar bem. A ansiedade e a inquietude explicam as falhas, os erros de passe e as escolhas equivocadas. Algo precisa ser feito para inibir o massacre nas redes sociais que pode provocar danos irreversíveis à sua trajetória no Galo.
“Ah! É muita má vontade de fulano ou de ciclano!” Ou ainda “Que time sem alma, sem vontade!”, são algumas das frases mais repetidas nas redes sociais. Mas, essa impressão de desleixo, de inconsequência seria fruto tão somente de alguma deficiência de caráter deste ou daquele atleta ou de outras razões que estariam sendo desprezadas pelo clube?
É claro que algumas teorias sobre as características dos jogadores que Felipão tem à sua disposição ou está utilizando recorrentemente são defensáveis e se sustentam facilmente como, por exemplo, “Pedrinho quando não joga faz falta”. Na verdade, eu diria, um articulador raiz, nato, faz falta. Ou seja, não é que Igor Gomes, por exemplo, jogue sempre mal. E nem a falta de brilho de outras atuações como aquela do segundo tempo contra o Internacional não pode ser cobrada colocando exclusivamente nas costas dele a responsabilidade pela falta de criação e de imaginação do time diante do Coritiba.
E vou além: as péssimas atuações do Atlético no primeiro tempo diante do Colorado Gaúcho e durante os 90 minutos contra o Coxa, por exemplo, não devem ser única e exclusivamente debitadas a nenhum jogador em particular, vez que tanto lá no Beira Rio quanto na Arena alvinegra o meio de campo do Atlético inexistiu. Inter e Coritiba a meu ver e de muitos mais se mostraram melhores e mais organizados. O lanterna do Brasileirão não só gostou do jogo, como virou o placar com autoridade e merecimento.
O esquema Felipão é para muitos atleticanos, eu entre eles, a raiz tática do drama atleticano. Chutões, passes errados, escolhas equivocadas, lentidão, verticalização quase zero. Com os três homens de frente jogando muito distantes um do outro não há como atacar com eficiência e contundência. Há uma insegurança geral no time. O time do Atlético simplesmente não consegue existir coletivamente. E sendo apenas reativo torna-se presa fácil para qualquer adversário.
Os problemas enfrentados pelo Coudet relativos ao chamado e tão reclamado elenco curto se agravaram com a ideia de jogo de Felipão, cujo repertório se assemelha ao daqueles cantores de uma música só.
Não sem razão, o Atlético permitiu ao Coritiba sentir-se em casa. Parecia que o jogo acontecia no Couto Pereira e que a Arena MRV era apenas uma ilusão de ótica. Os jogadores do Coxa paravam o jogo sempre que queriam. Encenação, jogo de cena e cera não faltam. Enfim, o time paranaense fez o que quis dentro da Arena: catimbou, ditou o ritmo do jogo mesmo quando não tinha a bola, finalizou mais e foi melhor em quase tudo.
Contra o Coritiba um fato que tem suscitado várias críticas no seio atleticano se repetiu: vários jogadores se mostravam bastante desgastados já antes da metade do segundo tempo e Felipão demorava a mexer no time e quando o fazia, era sempre promovendo alterações conservadoras, colocando em campo sempre os mesmos jogadores e com pouca ou nenhuma inovação tática interessante. Contra o Inter, Felipão fez diferente na etapa complementar e ganhou o jogo. Foi a exceção que confirmou a regra.
E como explicar a cabeça de um jogador que bate um escanteio baixo, com três adversários no primeiro pau? Mas, isso tudo é consequência. Tudo tem uma razão de ser e de acontecer. Causa e efeito. O Atlético, por sua vez, provou isso ao achar um gol na única jogada ofensiva que conseguiu encaixar com perfeição. Mas, continuou jogando mal. Aliás, muito mal.
Everson falhou como muitos disseram no primeiro gol do Coritiba? Acho cruel falar assim. O autor do primeiro gol do Coxa foi muito feliz. Primeiro, ao se aproveitar da liberdade que o meio de campo do Atlético deu para ele finalizar como quis de fora da área. No primeiro tempo aconteceu lance idêntico a favor do Coxa. Só que a bola não entrou.
O segundo gol paranaense, sem tirar os méritos do adversário, explicitou todo o futebol ruim e inoperante do Atlético. Um time doente, impotente.
O Atlético jogou mal? Sim, muito mal. Merecia vencer? Não. O empate era goleada para Felipão. Aliás, o empate, se permanecesse, seria injusto para o Coritiba. A virada premiou quem esteve melhor. Primeira derrota na Arena. E para o lanterna do campeonato. E ainda bem que não foi para o rival azul.
TUDO O QUE ACONTECE DENTRO DE CAMPO É CONSEQUÊNCIA DO QUE OCORRE FORA DAS QUATRO LINHAS.
Os jogadores do Atlético apenas estão refletindo dentro de campo os erros que claramente vem sendo cometidos e os problemas que inegavelmente vêm acontecendo no dia a dia do Glorioso. Segundo alguns influenciadores das redes sociais estão alardeando, o Atlético estaria prometendo uma barca de dispensas para o fim de ano. Essa, talvez, seja a solução para todos os problemas atleticanos. Ironia, claro.
Uma coisa é certa: esse disse me disse sobre saídas de jogadores que não estariam nos planos do Galo, cujos empresários já teriam sido notificados e autorizados pelo Atlético a buscar outro clube, corrói o ambiente e só faz o grupo perder a confiança nos dirigentes.
Não adianta xingar jogador e nem o treinador, sejam eles quem forem. Cobrar deles com inteligência e parcimônia, sim. Embora Felipão tenha sua parcela de responsabilidade que, por sinal, não é pouca, nesse fiasco diante do Coxa e por outras más atuações, se algo não for feito pelo clube no sentido de neutralizar as fontes (de dentro do clube???) das notinhas que são plantadas constantemente aqui e ali nos agro-espaços da mídia alternativa e da imprensa tradicional e também inibir tudo aquilo que dá origem às instabilidades recorrentes que vêm corroendo o ambiente interno do clube, NENHUM treinador conseguirá trabalhar e fazer este grupo render.
As entrevistas de Arana e de Hulk depois do jogo são autoexplicativas. O primeiro, dentre outras coisas, detonou o gramado da Arena e não escondeu a sua insatisfação que vai muito além desse fato.
Hulk, por sua vez, disse simplesmente que não podia falar o que gostaria de pôr para fora. Sintomático, não?
Em síntese: ainda que dentro de campo por vezes o imponderável se materialize, falhas fortuitas aconteçam, árbitros e VAR errem, com e sem dolo, algum jogador desequilibre e mude um jogo, as atuações, boas ou ruins, de qualquer time dentro das quatro linhas são, via de regra, a consequência inevitável do que acontece fora de campo. Reconhecer tudo isso não é o mesmo que se resignar. Reconhecer é o primeiro passo para corrigir o que porventura estiver errado.
TEXTO OPINATIVO, DE TOTAL RESPONSABILIDADE DO AUTOR.