Alan Kardec teve tempo para escolher o Atlético e chega ciente de sua condição
Por: Hugo Fralodeo –
Muito próximo de ser anunciado como reforço do Atlético, Alan Kardec não entra em campo desde o primeiro dia de janeiro, e é inevitável que isso não tenha sido a primeira coisa que veio à cabeça do (a) Atleticano (a) – claro, além de sua impagável preleção com o tradutor -, quando ele (a) viu o post do Fala Galo confirmando a negociação. A segunda, é que o centroavante jogou por 5 anos e meio no pobre futebol chinês, período em que passou por dois times sem expressão e que não pleiteavam as posições mais nobres da Chinese Super League. Em terceiro, Kardec tem baixíssima média de jogos, acumulando somente 127 partidas no tempo que esteve no oriente.
Sim, o homem jogou pouco. Sim, o homem jogou pouco na China. E, para quem perguntar, nem se dê ao trabalho: sim, ele tem uma carreira de altos e baixos e sim, ele já passou por alguns problemas físicos. Mas vamos a alguns fatos.
Alan Kardec parou de atuar em janeiro e buscou a rescisão contratual em abril, quando tinha 5 meses de salários atrasados no Shenzhen FC. Segundo o próprio, antes do fechamento da janela, no dia 9 de abril, “quatro propostas quentes de clubes grandes do Brasil” chegaram na mesa de seu empresário, mas não havia tempo hábil para um acordo, já que a janela cerraria em apenas 3 dias. De lá para cá, o centroavante permaneceu no Brasil mantendo a forma física dentro do possível. Ainda de acordo com suas palavras, Alan priorizava o Brasil, mas, já que tinha tempo, esperou por uma boa proposta para voltar a atuar. Alan Kardec escolheu o Atlético a dedo.
Claro, jogar no Atlético hoje é atrativo. Grandes jogadores, time campeão, possibilidade de conquistas, se tornar querido pela Massa… um clube como o Atlético de 2022 é o sonho da vida de muitos atletas. Sem querer entrar em polêmicas, mas já flertando com a canalhice, Diego Costa chegou ao Atlético achando que seria o “novo Hulk”, não se adaptou, sofreu com problemas físicos, não caiu nas graças da torcida, partindo sem deixar saudades. Diego Costa chegou ao Atlético pensando que seria no Brasil o jogador que foi titular de uma seleção que disputava o título da Copa do Mundo que jogou. Diferentemente, Kardec chega ao Atlético sabendo que o cara do time é Hulk, que Nacho é o cérebro, Sasha é o 12º jogador, Vargas tem seus momentos, Keno é o autor dos gols do título… ou seja, ele chega ao Atlético ciente de que não tem a obrigação, nem pretenção, de ser O protagonista. E isso pode ser o detalhe que torne sua passagem pela Cidade do Galo frutífera.
Alan Kardec chega sabendo da concorrência, sabe que tem uma fila, sabe que terá de se posicionar em um grupo formado, campeão e que joga junto há 2 temporadas. Mas o centroavante chega bem mais experiente, com vontade de atuar pelo Atlético, clube que escolheu e, principalmente, para preencher uma lacuna no elenco.
Alan atuou mesmo pouco na China, foram 127 jogos, média de 21 por ano. Marcou 69 gols e distribuiu 18 assistências, uma média de 0,54 gols por jogo, ou 0,68 participações por partida. Jogando prioritariamente como centroavante, ainda que tenha atuado como segundo atacante por trás do homem de área, caindo também pelos lados e até como meia lá nos tempos de Santos, na China se tornou um jogador de finalização, que empurra a bola pro gol, quase sempre com um toque na bola. Isso por conta de sua inteligência, noção de posicionamento, força física e qualidade técnica. Jogou em um nível de competição mais baixo, é verdade, mas a qualidade e experiência que trouxe na bagagem, podem encurtar o tempo que demandará sua readaptação.
O próximo novo centroavante do Galo sabe que não será o titular, sabe que não jogará todo jogo, mas fará seus gols. Substituirá Hulk e jogará com ele. Quando o camisa 7 for tirado de perto da área pelos adversários, como vem acontecendo cada vez mais durante as partidas, Alan Kardec estará lá incomodando os zagueiros. Quando o jogo apertar e a bola precisar chover na área, Turco terá mais uma opção de qualidade e força física, que poderá definir um jogo duro com uma bola vadia que sobrar na pequena área.
Alan Kardec esperou muito tempo para escolher vestir Alvinegro, e desembarca em Belo Horizonte completamente ciente da posição que ocupará no elenco.