Ainda está longe, é fato. Mas Coudet realmente mostrou alguma coisa

Por: Antônio Carlos e Hugo Fralodeo
Nas vésperas da estreia na temporada, Chacho Coudet garantiu que, apesar de não poder ainda apresentar a melhor versão do Atlético, alguma coisa de sua ideia seria mostrada. O comandante prometeu e cumpriu. Inclusive, na entrevista pós vitória, o treinador argentino destacou que o conjunto ainda está longe do ideal, mas que de fato eles já haviam mostrado algumas coisas.
Pois é, mas quais foram essas tais coisas que Chacho se referiu? Partindo da nossa observação detalhada sobre as ideias, filosofia e metodologia de jogo de Coudet, trazemos para a prancheta a análise do que o Atlético fez em campo contra a Caldense.
Do 4-1-3-2 para o 3-5-2 na fase ofensiva
Sabemos que o esquema preferido de Chacho é o 4-1-3-2. Porém, essa formação vai se transformando conforme as fases do jogo. No momento ofensivo, Coudet arma o time em um 3-5-2, com o volante “isolado” (1), baixando entre os zagueiros, os laterais subindo no corredor para oferecer amplitude e o meio-campista central dando a dinâmica. Durante a maior parte do primeiro tempo, o Atlético se portou dessa maneira
Como observamos, na base deste 3-5-2 está o volante posicionado entre os zagueiros. No movimento, Allan deixa o meio campo e se alinha a Bruno Fuchs e Jemerson para participar da saída de bola. Mecanismo praticado pelo camisa 29 nos seus três anos de Cidade do Galo.
Uma variação vista foi a saída no modelo 3+1, com a participação de Everson. Nessa formatação, Allan se posicionava atrás da primeira pressão.
Zagueiros fundamentais na construção
Que Bruno Fuchs fez uma boa estreia ficou nítido. Apesar de alguns contratempos, pode-se dizer que o debute do novo camisa 3 deixou boa impressão. Isso aconteceu muito por conta da estrutura montada por Coudet para que os defensores fossem capazes de serem efetivos na primeira construção e também na segunda.
Marcação pressão em bloco alto
Mantendo a estrutura do 4-1-3-2 na pressão inicial, Coudet espera que a equipe roube a bola o mais rápido possível. Contra a Veterana não foram raros os momentos em que o Atlético tentava tirar o fôlego dos adversários, dificultando muito que a Caldense tivesse sucesso na sua transição para o ataque.
Chegada na área com muita gente e ataque ao espaço
A missão dos meio-campistas na linha de três e da dupla de ataque é se movimentar, fazer inversões, atacar a área e o espaço para criar indecisão na marcação, que, no momento de dúvida, se desprende e dá liberdade para que os atacantes criem as situações de gol. Apesar de poucas finalizações na partida (7), o Atlético conseguiu construir muito através de dúvidas geradas pela movimentação de seus jogadores.
Variação para o 3-4-3
Quando Paulo Henrique e Calebe deixaram o campo para as entradas de Igor Gomes e Patrick, naturalmente veio a dúvida: “quem irá fazer a lateral?” Acontece que, apesar de dar uma identidade tática bem clara ao seu time, Coudet não viola a característica de seus jogadores e movimenta a formação de acordo com o que o jogo pede.
A Caldense incomodou o Atlético no primeiro tempo a partir de espadanadas pelo lado esquerdo, sobretudo em cruzamentos para a área, depois de faltas conseguidas entre a linha lateral e a grande área. Inclusive, assim saiu o gol de empate.
A solução encontrada por Chacho foi deslocar Edenílson para o lado direito, na tentativa de fazer o setor esquerdo da defesa da Veterana se preocupar um pouco mais. Pelo outro lado, como Dodô não é um lateral com característica de ir ao fundo com muita frequência e Pedrinho já revezava com ele durante o primeiro tempo, Patrick entrou em cena para fazer o corredor canhoto.
Com essa mudança, o Galo passou a ter ainda mais profundidade e criou algumas boas jogadas a partir de movimentações dos próprios Ed e Patrick, além de Igor Gomes e Pedrinho. A mudança de estrutura literalmente mudou a partida.
Claro, ainda é cedo, ainda é muito pouco, mas Coudet não mentiu. Vimos algo ali. Há uma ideia semeada não cabeça e nas pernas do grupo de jogadores. Com a chuva forte que não dá trégua na Cidade do Galo, a esperança que fica é de que as ideias plantadas comecem a brotar e dar frutos com o avançar da temporada.