Presidente do América afirma que Sérgio Coelho quase renunciou à presidência do Atlético após mudança para a Libra

Por Hugo Fralodeo
A migração do Atlético da Liga Forte Futebol (LFF) para a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) segue repercutindo. Em participação no podcast Sou Deca, Marcus Salum, presidente do América e membro da LFF, afirmou que a mudança do Galo, por “problemas internos” no Clube, quase causou a renúncia do cargo de Sérgio Coelho, presidente do Atlético e um dos cabeças do grupo.
O mandatário do América revelou que se reuniu com o Atlético, que teria apresentado que os critérios das propostas dos dois grupos estavam próximos. No entanto, Salum acredita que isso ainda não aconteceu:
“Por que o Atlético caminhou para a Libra? Porque achou uma forma de falar bonito o que ele precisava fazer. Muita coisa mudou. Eu fui chamado no Atlético um dia para que me fosse explicado que os critérios estavam próximos. Não estavam próximos. Os critérios só vão ficar próximos se a Libra aumentar o dobro, aí vão ficar próximos. Isso está errado”.
Então, Salum afirmou que a situação gerou problemas na cúpula diretiva do Atlético, revelando que a mudança entre os blocos quase teria causado a renúncia do presidente do Alvinegro:
“O Atlético tem problemas internos, que eu não sei exatamente quais são. Eu percebi. Mas quem sou eu, com uma amizade que eu tenho com todas as pessoas do Atlético, para expor isso publicamente? Eu não sei se é verdade. Eu tenho a minha convicção que eles estão dourando uma pílula para tomar uma decisão que é esdruxula, tanto é que o Sérgio (Coelho) quase renunciou por causa dessa decisão”.
A mudança
Na última terça-feira (11), por meio de comunicado emitido em seus perfis oficiais nas redes sociais, o Atlético oficializou a transição de um bloco para o outro. Justificando a decisão, o Clube afirmou que a mudança se dá para trazer, no longo prazo, “maiores benefícios financeiros e institucionais para o Clube” e afirma que continuará defendendo suas posições assumidas até aqui.
No impacto imediato, a decisão faz com que o Alvinegro componha o acordo da Libra que prevê o pagamento de R$ 99 milhões pela cessão de 12,5% dos direitos de TV em um prazo de 50 anos, deixando para trás a proposta do LFF, que garantiria ao Galo R$ 203 milhões por 20% de tais direitos.
Apelo ao Conselho Deliberativo
Em carta divulgada na última quinta-feira (13), a LFF apelou ao Conselho Deliberativo do Atlético para que o Clube repense sua mudança para o outro bloco econômico. O principal argumento do grupo que era encabeçado por Sérgio Coelho, presidente do Galo, aponta que o modelo da LFF traria mais vantagens ao Atlético em curto, médio e longo prazos, devendo a decisão passar por um debate mais amplo.
CEO explica
Em entrevista coletiva onde deu mais detalhes sobre o processo da SAF, o CEO do Atlético, Bruno Muzzi, explicou os motivos para a decisão, a qual ele classifica como muito difícil:
“Há mais de um ano, vem se discutindo essa questão da liga. Foram criados dois blocos, LFF e Libra, onde havia uma discrepância muito grande de distribuição do valores direitos de transmissão. O Atlético, nos últimos 90 dias, o Sérgio, começou a trabalhar muito para que houvesse uma fusão das duas ligas. O grande valor está em você ter uma liga única, porque você destrava diversas outras coisas e passa a ter um campeonato com um om produto. Nessa tentativa de aproximação, tudo aquilo que a LFF solicitava nos critérios de distribuição foi atendido em 90, 95% pela Libra. A diferença dos dois blocos, hoje, coincidiu em números muitos próximos”.
“Mas se tem muito dinheiro envolvido nessa história e diversas narrativas, o que foi gerando certas confusões. Hoje não existe mais liga, existe três blocos comerciais para negociar em conjunto os direitos de transmissão. As propostas chegaram. O Atlético passa a receber R$ 100 milhões (por 12,5%) na Libra, enquanto receberia R$ 203 milhões (por 20%) na LFF. Os direitos de transmissão do Brasileiro valem hoje R$ 2,3 bilhões, tirando 12,5%, sobram R$ 2 bilhões e o bloco comercial da Libra vale R$ 1,5 bilhão, enquanto a LFF vale R$ 500 milhões. O Atlético tem aproximadamente 6% desse R$ 1,5 bilhão, que são R$ 125 milhões, na LFF seriam R$ 75 milhões. Então, logo no primeiro ano, teria uma diferença de R$ 50 milhões, e isso se perpetua por 50 anos. Se houver maior valorização dos direitos de transmissão, que é o que todos acreditam, esses valores se acentuam ainda mais. O Atlético optou em olhar nesse médio/longo prazo, pós 2025, para tomar sua decisão. Nós não estamos olhando no curtíssimo prazo. O que a gente precisa trabalhar é para que tenha união entre os dois grupos, e a LFF foi fundamental. Se não houvesse o trabalho do Sérgio, isso jamais aconteceria”.