LFF apela ao Conselho do Atlético para que Clube volte ao grupo; CEO explica mudança

Por Hugo Fralodeo
A migração do Atlético da Liga Forte Futebol (LFF) para a Liga do Futebol Brasileiro (Libra) ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (13). Em carta (confira abaixo), a LFF apelou ao Conselho Deliberativo do Atlético para que o Clube repense sua mudança para o outro bloco econômico.
O principal argumento do grupo que era encabeçado por Sérgio Coelho, presidente do Galo, aponta que o modelo da LFF traria mais vantagens ao Atlético em curto, médio e longo prazos, devendo a decisão passar por um debate mais amplo:
“Fomos surpreendidos pela notícia da decisão do Clube Atlético Mineiro (CAM) de se afastar da Liga Forte Futebol (LFF) e aderir à Libra. Entendemos que tal escolha pode ter sido tomada sem que o Conselho Deliberativo tivesse oportunidade de avaliar profundamente as diferenças entre as propostas da LFF e da Libra.
Lembramos que apresentamos detalhadamente a proposta da LFF ao Conselho Deliberativo do CAM, obtendo a aprovação dos termos gerais em reunião realizada no dia 3/4/2023. A decisão de se filiar à Libra nos pegou de surpresa, e no que nos parece, não foi amplamente debatida em reunião de conselho.
Por meio desta carta, solicitamos respeitosamente uma nova oportunidade para apresentar ao Conselho Deliberativo a proposta completa da LFF e também uma comparação com a proposta da Libra. Queremos evidenciar que nosso modelo traz vantagens significativas que beneficiarão o CAM em curto, médio e longo prazos. Estamos aqui falando de um modelo que irá impactar o clube pelos próximos 50 anos e que em nossa opinião necessita de amplo debate. Os interesses da instituição devem estar em primeiro lugar em nossa ótica.
A LFF se destaca por ser benéfica ao CAM em todos os quesitos objetivos: Um modelo equilibrado de divisão de receitas permitindo uma diminuição da disparidade entre o CAM e os clubes de maior receita, potencializando a competitividade do Atlético dentro de campo.
O CAM se beneficiaria de um aporte financeiro imediato de R$ 217 milhões de reais, por meio de um acordo firmado entre a LFF e nossos investidores. Este valor é significativamente maior que o aporte proposto pela LIBRA.
Adicionalmente, nossa proposta assegura ao CAM maiores receitas anuais, tanto em termos absolutos quanto em relação aos clubes de maior receita. Isso amplia a capacidade competitiva do clube, assegurando que o CAM possua os recursos necessários para competir com os maiores clubes do futebol brasileiro. Para ilustrar: em um cenário de aumento de 50% no valor dos direitos de transmissão, e repetindo o desempenho em campo de 2021, a diferença de receitas do Galo em relação ao clube de maior receita seria de R$ 154 milhões na Libra, contra apenas R$ 15 milhões na LFF. Estamos falando de uma redução da diferença em quase R$ 700 milhões em 5 anos.
Conscientes da natureza democrática do CAM, pedimos uma oportunidade para apresentar estes pontos ao Conselho Deliberativo. Acreditamos que o Conselho deve ter acesso a todas as informações para poder tomar uma decisão consciente e informada.
A mudança
Na última terça-feira (11), por meio de comunicado emitido em seus perfis oficiais nas redes sociais, o Atlético oficializou a transição de um bloco para o outro. Justificando a decisão, o Clube afirmou que a mudança se dá para trazer, no longo prazo, “maiores benefícios financeiros e institucionais para o Clube” e afirma que continuará defendendo suas posições assumidas até aqui.
No impacto imediato, a decisão faz com que o Alvinegro componha o acordo da Libra que prevê o pagamento de R$ 99 milhões pela cessão de 12,5% dos direitos de TV em um orazo de 50 anos, deixando para trás a proposta do LFF, que garantiria ao Galo R$ 203 milhões por 20% de tais direitos.
CEO explica
Em entrevista coletiva onde deu mais detalhes sobre o processo da SAF, o CEO do Atlético, Bruno Muzzi, explicou os motivos para a decisão, a qual ele classifica como muito difícil:
“Há mais de um ano, vem se discutindo essa questão da liga. Foram criados dois blocos, LFF e Libra, onde havia uma discrepância muito grande de distribuição do valores direitos de transmissão. O Atlético, nos últimos 90 dias, o Sérgio, começou a trabalhar muito para que houvesse uma fusão das duas ligas. O grande valor está em você ter uma liga única, porque você destrava diversas outras coisas e passa a ter um campeonato com um om produto. Nessa tentativa de aproximação, tudo aquilo que a LFF solicitava nos critérios de distribuição foi atendido em 90, 95% pela Libra. A diferença dos dois blocos, hoje, coincidiu em números muitos próximos”.
“Mas se tem muito dinheiro envolvido nessa história e diversas narrativas, o que foi gerando certas confusões. Hoje não existe mais liga, existe três blocos comerciais para negociar em conjunto os direitos de transmissão. As propostas chegaram. O Atlético passa a receber R$ 100 milhões (por 12,5%) na Libra, enquanto receberia R$ 203 milhões (por 20%) na LFF. Os direitos de transmissão do Brasileiro valem hoje R$ 2,3 bilhões, tirando 12,5%, sobram R$ 2 bilhões e o bloco comercial da Libra vale R$ 1,5 bilhão, enquanto a LFF vale R$ 500 milhões. O Atlético tem aproximadamente 6% desse R$ 1,5 bilhão, que são R$ 125 milhões, na LFF seriam R$ 75 milhões. Então, logo no primeiro ano, teria uma diferença de R$ 50 milhões, e isso se perpetua por 50 anos. Se houver maior valorização dos direitos de transmissão, que é o que todos acreditam, esses valores se acentuam ainda mais. O Atlético optou em olhar nesse médio/longo prazo, pós 2025, para tomar sua decisão. Nós não estamos olhando no curtíssimo prazo. O que a gente precisa trabalhar é para que tenha união entre os dois grupos, e a LFF foi fundamental. Se não houvesse o trabalho do Sérgio, isso jamais aconteceria”.