‘Nesse dia de Galo’, Sampaoli estreava numa mesinha de boteco, mas não dava bom dia
Por Betinho Marques
14 mar 2024 9h37
Há quatro anos, no dia 14 de março, depois uma revolução após a eliminação para o Afogados e de ver o Galo vencer o Cruzeiro nos camarotes, Sampaoli fazia sua estreia no comando atleticano.
Foi no emblemático Castor Cifuentes, em Nova Lima, no primeiro jogo sem público e na última peleja antes da paralisação devido às restrições da Covid-19, que o polêmico argentino iniciou sua trajetória polêmica em terras mineiras.
O Galo venceu a partida por 3 a 1 com gols de Arana, Di Santo e Savarino. Zé Eduardo diminuiu para o time da casa. Mas o que mais gerou repercussão nos dias seguintes foram os memes que surgiram nas redes sociais. A grande coadjuvante espacial na composição foi uma cadeira de plástico que remetia aos bares e botecos tão tradicionais em Minas.
A tal cadeira foi utilizada numa modelagem inconsciente, num cenário cheio de subjetividades e preenchido pelo então comandante argentino. Sem público no estádio, a tal cadeira de plástico estimulou a criatividade dos internautas que estavam começando a viver um momento triste da história, mas que até ali não tinham a dimensão disso, seria mais de um ano de pouco futebol e muita distância da alegria tão falada por Sampaoli ao referir-se ao jogo.
Muitos brincaram e fizeram montagens acrescentando mesas, tira-gosto e bebidas para compor o ambiente. Sampaoli estreou gritando e narrando todas as jogadas, mas quando cansava sentava-se na cadeirinha de “bar”.
Bom dia para quem?
Durante sua passagem, Sampa ficou quase um ano no Alvinegro e teve 25 vitórias, nove empates e 10 derrotas, com aproveitamento de 63,63%. O argentino foi campeão mineiro e ficou com o terceiro lugar no Brasileirão de 2020.
Ao sair do Atlético para ir para o Olympique de Marseille, Jorge Sampaoli deixou controvérsia na história e “pacificou” a Cidade do Galo. Para muitos um gênio louco, para outros era um insuportável que não dava bom dia. Mas para quase todos, dando certo ou nem tanto, Sampaoli foi um personagem necessário na reconstrução da ideia de um clube que pensava no seu tamanho.
Houve fogos de artifício no CT, o cadeado da Cidade do Galo nunca mais foi dado a um treinador. Talvez, não ter tido tempo de se conectar à Massa em função da pandemia tenha agravado a “loucura” desse isolamento do argentino.
Sampa foi embora sem comandar o Atlético diante do seu público lotando o Mineirão, foi sem gostar de dar bom dia por, talvez, não ter visto este espetáculo. Mas, certamente, deixou uma espinha dorsal para o seu sucessor ajustar, dar bom dia, boa tarde e boa noite, mantendo uma outra dose de loucura.
Afinal, sem loucura, no Galo, não dá. Depois contamos mais.