Não existe time bobo mais! Bobo é quem não se prepara bem dentro e fora de campo
Por Max Pereira @MaxGuaramax2012
Vários clubes de tradição, de camisa pesada e de orçamento gigante em relação à grande maioria das agremiações brasileiras estão tendo imensas dificuldades neste início de temporada. Faz parte. Nada ou, pelo menos quase nada fora do normal.
Pontos são perdidos para times menores, de nível técnico flagrantemente inferior e com orçamentos infinitamente menores.
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Geralmente e, em função das diferenças de calendário, os times chamados pequenos começam suas pré-temporadas muito antes dos chamados grandes. E, por isso, quase sempre entram melhor condicionados fisicamente, o que lhes permitem e, em graus variados, compensar o natural desnível técnico e a falta de estrutura.
Com o Atlético não foi diferente. A derrota para o Patrocinense foi absolutamente merecida. E, não apenas o fato de ter sido o primeiro jogo da temporada, a consequente falta de ritmo e o melhor condicionamento físico do time do interior jogaram contra o Galo.
Outros fatores se conjugaram a desfavor do Glorioso:
• o péssimo gramado,
• a grande motivação do time interiorano, para o qual era uma final de Copa do Mundo
• e o fato de que o time do Patrocinense não é ingênuo e é bem treinado.
Mas, nada disso é desculpa. Ficou visível uma postura inadequada do time, evidenciando que a equipe foi mentalmente mal preparada para o jogo. E este é seguramente o fator que mais incomodou a torcida.
Dispersos em vários momentos, errando passes em profusão e abusando da bola longa, espetada, os jogadores atleticanos davam a impressão de que aceitavam a derrota com uma naturalidade preocupante e irritante.
O Atlético vem de duas temporadas consecutivas onde o time alvinegro gerou mais críticas e cobranças do que elogios e aplausos.
Alguns problemas que, nos anos 2022 e 2023, tiraram a tranquilidade de cada Galista apaixonado, se repetiram nesse primeiro jogo da temporada e deixaram a torcida com os dois pés atrás, tornando impossível não lembrar de algumas atuações pífias, quando a equipe alvinegra evidenciou uma letargia anormal e exibiu um nível de impotência mais que estranho e bastante enervante.
Por exemplo: mal posicionada, lenta e desatenta, a defesa mais uma vez bateu cabeça no jogo aéreo. O Patrocinense se aproveitou, fez dois gols em bolas cruzadas no segundo pau e venceu o jogo. E o meio de campo novamente desarticulado nada construiu. Em consequência, o ataque não luziu e foi amplamente dominado pela defesa adversária.
“Não sei como a defesa do Atlético foi a menos vazada do brasileiro do ano passado”, exclamou em suas redes sociais o atleticano João Diniz Júnior, para quem Scarpa terá que fazer milagre no meio de campo alvinegro. Júnior ainda vaticina que os atleticanos terão mais um ano difícil.
Parece exagero, mas entendo perfeitamente justificáveis, excessos à parte, a insatisfação e a preocupação que dominaram a alma e o coração atleticanos. Havia algo no semblante dos jogadores do Atlético que incomodou a tantos quantos atleticanos assistiram ao jogo, seja em Patrocínio, seja pela televisão.
Não é a folha de pagamentos do Atlético o maior fator determinante de uma boa atuação e, nem tampouco da obrigação de vencer, como muitos atleticanos defendem.
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A vitória, a derrota e o empate, únicos resultados possíveis, são sempre consequência do trabalho, da preparação e dos cuidados que qualquer clube deve ter.
E é aqui que a porca atleticana torceu o rabo. O fator início de temporada e todas as suas implicações são comuns a todos os clubes sem exceção, mas, aqueles que se descuram de sua preparação e se mostram frágeis no jogo dos bastidores pagam um preço muito mais alto.
“Errare humanum est, perseverare autem diabolicum” (leia aqui) é um provérbio latino muito conhecido cuja tradução para o português é a seguinte: errar humano é, perseverar no erro, porém, é diabólico.
Não é a primeira vez que o Atlético joga em gramados tão ruins quanto o campo do Patrocinense. Se de um lado, a estratégia utilizada pelo clube de Patrocínio para parar o Galo foi errada e poderia ter provocado lesões graves nos atletas que entraram em campo, de outro o Atlético pecou mais uma vez no jogo dos bastidores.
Não adianta mandar notas de agravo para a FMF depois do jogo ou conceder entrevistas prenhes de indignação. As ações para garantir que o jogo fosse disputado nas melhores condições possíveis, cuidando pela segurança e saúde de todos os jogadores relacionados pelos dois clubes para a partida, tinham que ter sido tomadas com antecedência e firmeza.
Nesse sentido, o grande Rodrigão da CarioGalo nos lembra que “antes da Copa do Mundo no Brasil, disputada em 2014, um representante do Bayern de Munique, no programa Bola da Vez dos canais ESPN, nos alertou que, antes de falarmos de futebol (bola rolando), tínhamos que falar de gramado”, numa clara alusão à péssima qualidade dos gramados dos estádios brasileiros.
Rodrigão ainda nos faz uma pergunta: “Sabe quando os principais times do mundo vão jogar num campo desses?”.
E nos lembra, por fim, que a “NBA para levar seus jogadores para qualquer lugar do mundo exige que a quadra seja emborrachada pra diminuir impacto, climatizada com ar-condicionado e por aí vai…”. Tudo isso parar disputar simples AMISTOSOS.
Um dos argumentos para justificar o instituto da SAF foi a profissionalização da gestão dos clubes. Em pleno 2024 nada justifica jogar em gramados que mais parecem pastos.
Se para muitos o Patrocinense não se mostrou um time bobo nem dentro e nem fora de campo, o Atlético claramente mostrou que ainda há muito o que se fazer intramuros do clube e na sua atuação no jogo dos bastidores.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do portal Fala Galo.