Venceu, mas não convenceu. E a vitória não pode esconder o que de ruim tem acontecido com o Atlético!
Por Max Pereira @Pretono46871088 @MaxGuaramax2012
A desorganização tática do Atlético e, em consequência, a incapacidade de criar e as dificuldades de marcar gols em alguns momentos são terríveis e têm sido a marca atleticana nesses últimos tempos. O time venceu, mas não convenceu. E existe um porquê.
A diferença de sprint, de dinâmica, de força física e mental tem sido brutal em relação aos adversários.
O bate boca entre jogadores do Atlético que por vezes acontece é produto, ora dos problemas de posicionamento, ora das escolhas erradas. Enquanto os adversários vêm jogando futebol, o Atlético vem batendo cabeça.
O Bahia como todo e qualquer adversário nos últimos tempos levou flagrante e absurda vantagem nas disputas físicas, como o pé de ferro, e na segunda bola, com o Atlético perdendo praticamente todos os rebotes defensivos e ofensivos.
Arbitragem, como esperado, bastante ruim, mas não pode ser debitada a ela a futebol extremamente pífio do Atlético.
O Galo é hoje dentro de campo a resultante desastrosa de uma política e de uma gestão fora dos gramados absolutamente temerárias e equivocadas.
Mais ou menos com essas palavras resumi para alguns amigos o que foi, para mim, o primeiro tempo contra os baianos. O segundo tempo foi apenas menos ruim. Para o atleticano Gilberto Almeida, para quem o Atlético teve apenas uma virtude, esforço, entrega e raça, vencer foi um grande lucro.
Ainda no intervalo, o companheiro Angel Baldo aqui do Fala Galo externou-me a sua preocupação: “Tô temendo o pior, meu amigo. Continuar assim, Série B é logo ali”.
Venceu jogando mal. E qualquer análise tática que prescinda de considerar variáveis dos bastidores atleticanos fatalmente cairá no vazio, pois nada de útil e de construtivo produzirá para o clube.
E por que, independentemente do resultado, o Atlético não vem apresentando um bom futebol? O grande Gilberto, com extrema felicidade, defende que o Galo dos tempos atuais joga à base do improviso, sem planejamento, sem criação e sem efetividade ofensiva.
“Ah! Bataglia e Otávio estão batendo cabeça no meio de campo atleticano e parece que um está marcando o outro. Os adversários agradecem”, se ressentem vários atleticanos nas redes sociais.
Mas porque os jogadores alvinegros às vezes mais se atrapalham do que se ajudam? Por que os jogadores atleticanos têm mostrado falta de confiança quando em jogadas ofensivas poderiam ter matado o jogo? Por que tanto medo de errar?
Algumas substituições feitas por Felipão, inimagináveis e surpreendentes para milhões de galistas espalhados pelo mundo, por vezes têm corrigido alguns problemas pontuais e dado alguma solidez defensiva ao time, como aconteceu diante do Palmeiras em São Paulo e do Bahia no Mineirão.
E, por falar em robustez defensiva, a bem da verdade e da justiça é forçoso reconhecer que o miolo de zaga mais uma vez jogou com sobriedade, ratificando a significativa melhora no jogo aéreo que tem mostrado nos últimos jogos.
Se não tem faltado vontade e luta para ninguém, as oscilações técnicas e de rendimento individual são frequentes. Em outras palavras, vários jogadores atleticanos têm sido tecnicamente bastante irregulares, o que potencializa a desorganização tática.
É fato que Felipão tem pouco tempo de trabalho e isso precisa ser levado em consideração. Mas, é verdade também que o estilo de jogo do veterano treinador, ao mesmo tempo que significa uma mudança radical na forma de jogar do time, o que demanda tempo para o grupo assimilar, também projeta um futebol nada plástico, nada bonito de se ver, reativo na maioria dos confrontos e de muita pegada.
Tenho repetido à exaustão que o que acontece dentro de campo é consequência direta do que acontece fora dele.
Assim, a inexistência de um futebol coletivo eficiente, particularmente na articulação e na construção das jogadas e a baixa autoestima e a insegurança dos jogadores que, não obstante não deixarem de lutar um segundo sequer, os têm levado a fazer um excessivo número de escolhas erradas e a finalizar mal, desperdiçando oportunidades incríveis de marcar, têm raízes fincadas intramuros do clube que requerem acurada investigação, atitude e enfrentamento de quem comanda os destinos alvinegros.
Não existe causa sem efeito e, por obvio a recíproca é mais do que verdadeira.
Os recorrentes atrasos de pagamento dos salários e das premiações, a política do desfazimento de ativos que levou o clube a reduzir e mudar temerariamente o elenco, a fritura e as trocas intempestivas de treinadores desde o fim de 2021, a chegada de alguns novos atletas de características bem diferentes dos que saíram e que precisam de um tempo para se adaptar que varia para cada um, o disse me disse que coloriu o entorno de várias saídas e a forma como elas aconteceram, as cobranças raivosas e agressivas de torcedores, organizados ou não, para cima de vários jogadores e de alguns treinadores como o Turco Mohamed e argentino Coudet e o desgaste físico do elenco, que tem provocado várias contusões, algumas recidivas, formam um conjunto de fatos que, não obstante o profissionalismo e a notória entrega dos jogadores, têm se conjugado pesadamente contra a harmonia e o desempenho do time em campo.
Mais do que nunca é preciso não permitir que está magra vitória contra o Bahia esconda o que de ruim tem acontecido com o Atlético.
É compreensível que um torcedor apaixonado e passional como o atleticano se deixe levar pela raiva e pela frustração de um futebol nada convincente como este que o Atlético vem praticando.
Os ataques a este ou a aquele jogador são naturais e não surpreendem a quem conheça o Galo e a Massa minimamente. Paulinho é hoje um dos alvos mais frequentes.
Sobre isso, o atleticano Roberto Gallo, cirúrgico como sempre, assim se manifestou:
“O Galo fez dois gols com a bola rolando (sem considerar bola parada) nos últimos oito jogos. Ambos do Paulinho, que segundo alguns ‘experts’, é o problema do Atlético”.
Claro que Paulinho, assim como nenhum outro jogador, é o problema do clube. Nem o maior e nem o menor.
A partir de agora o Atlético tem, dentro de campo, uma única missão: a de pontuar no segundo turno do brasileirão para não correr riscos de rebaixamento. O que vier além disso será um enorme lucro.
E, fora das quatro linhas uma dupla tarefa:
Primeiro, a de prover o time de condições objetivas para fazer uma campanha minimamente consistente no Brasileirão.
E, segundo, o de planejar a próxima temporada, de forma a não repetir os erros e as políticas que fizeram o clube desde a conquista da Supercopa no início de 2022, a praticar um futebol irritante e irregular e, nos últimos anos, a se desfazer de ativos e de jogadores temerariamente e a acumular uma dívida estratosférica e sufocante.
Mais do que nunca é preciso repensar o Atlético. E esta é uma missão de todo e qualquer atleticano, de dentro e de fora do clube. Não é uma tarefa para um salvador da pátria. Não basta constituir uma SAF e achar que tudo estará resolvido. As concepções e os métodos deverão ser repensados e radicalmente modificados. O Glorioso precisa convencer também fora do campo.
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*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do FalaGalo*