No Galo de Coudet, Paulinho pode ser o arco ou a flecha
Por: Antônio Carlos e Hugo Fralodeo
Primeiro reforço confirmado da ‘Era Coudet’, Paulinho chega ao Atlético para integrar um time que está (no caso, estará) pronto para receber as valências que pode entregar. De fato, o novo integrante dos Vingadores do Galo, o Arqueiro Alvinegro, pode ser tanto o arco, como a flecha de Coudet.
Cria do Vasco, Paulinho impressiona desde cedo: é o jogador mais jovem a atuar profissionalmente pelo cruzmaltino e a marcar um gol pelo clube na Copa Libertadores, gol que o fez ser o primeiro jogador nascido nos anos 2000 a marcar na competição. Além disso, ele é o jogador mais jovem da história a marcar um gol pelo Campeonato Brasileiro do atual formato (curiosamente marcado contra o Galo, no Independência, em 2017), gol que também foi o primeiro de um jogador nascido nos anos 2000 na competição.
Só por aí, já dá para ter uma ideia de como Paulinho era e ainda é um talento promissor. Mas ainda tem mais. Tendo sido convocado para todas as categorias de base da Seleção Brasileira, apesar de nunca ter conquistado um título no futebol profissional, o Arqueiro coleciona conquistas na base com a Amarelinha, como a medalha olímpica no Japão, em 2021.
Na conexão São Januário – Leverkusen, quem observa somente os números de Paulinho pode deixar passar batido a evolução que o atacante teve nos quatro anos e meio de Alemanha. Os nove gols e cinco assistências em apenas 79 partidas disputadas, assustam no primeiro olhar, porém, apesar dos números abaixo do esperado para um jogador que prometia tanto, Paulinho teve um enorme ganho técnico e físico na passagem por Leverkusen.
No Leverkusen, evoluiu bastante na questão física, ganhando mais força nos duelos, mais potência e também velocidade. Jogador de alto nível técnico, muito bom no 1×1, com dribles curtos e em alta velocidade. Como se não bastasse, outra característica importante é a finalização, sendo um jogador que finaliza bem, independente da distância.
Mapa de finalizações de Paulinho no Bayer Leverkusen
Onde Coudet irá encaixar Paulinho?
A priori, Coudet utiliza o esquema 4-1-3-2 como base fundamental no seu modelo de jogo funcional. Como a amplitude e o corredor do campo de Coudet pertencem aos laterais, cria-se um problema para encaixar Paulinho, certo? Errado.
Criado como um ponta-esquerda, já que Coudet não utiliza pontas propriamente ditos, Paulinho passaria a competir por uma vaga na linha de 3 meias ou na dupla de ataque, o que não seria problema para o Arqueiro, já que, o jovem pode usar e abusar de suas principais características para se adaptar ao contexto.
Durante sua temporada no Leverkusen, o jogador teve algumas dificuldades para se adaptar, principalmente em função do jogo mais físico praticado na Alemanha. Apesar de inicialmente ser um jogador de lado, no Bayer Leverkusen jogou a maior parte do tempo por dentro, como um meia pela esquerda, mas também mais avançado como um centroavante ou segundo atacante, posições que poderia ocupar no esquema do novo treinador do Galo.
Mesmo jogando apenas 31 jogos na temporada 21/22, Paulinho foi um dos cinco jogadores da equipe com mais dribles, com mais chances de gol e também com mais passes-chave, em média, por jogo. Isso mostra, de certa forma, que é um jogador de muita presença no terço final do campo. Além do drible e boa finalização, Paulinho tem um grau de imprevisibilidade e criatividade acima da média no último terço do campo, onde pode se associar muito bem com Hulk e a própria linha de meias do esquema do Coudet.
Mapa de calor de Paulinho no Bayer Leverkusen
Tanto para os meias interiores quanto para a dupla de ataque, Coudet espera jogadores capazes de se posicionarem entre as linhas adversárias e atacar o meio espaço (espaço entre o lateral e o zagueiro). Todos os jogadores posicionados da linha do meio para frente devem saber investigar e preencher os espaços criados pelos companheiros, além de terem noção de posicionamento para atacar esses espaços nos “clarões” descolados no desprendimento da marcação e quebra das linhas.
Portanto, no fim das contas, Chacho Coudet recebe mais uma arma para agregar valor em todas as formas do seu repertório ofensivo.