Muito blá blá blá e pouco futebol…

Por Max Pereira @MaxGuaramax2012
“Em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão” é um provérbio português antigo e que em terras brasileiras já gerou uma variante tão curiosa e significativa quanto o original lusitano: “Em casa onde falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão”.
Uma entrevista coletiva não programada do técnico Cuca serviu apenas para escancarar que os interiores atleticanos continuam apenas refletindo uma realidade cármica desse Galo frenético, maluco e bipolar: O Atlético vive assentado em cima de um vulcão latente sempre prestes a entrar em erupção e que, vez ou outra, esparrama suas lavas incandescentes, varrendo qualquer trabalho e transformando o clube em terra arrasada.
Cuca queria mostrar números e estatísticas que, segundo ele, comprovam que o time sob o seu comando não vem jogando mal como a crônica esportiva e a própria torcida atleticana vêm criticando e cobrando à larga nestes últimos dias. Cuca falou, falou e não convenceu. Muito blá blá blá que não desmanchou a certeza de muitos de que o time atleticano vem mostrando pouco futebol.
Muito machucado e se sentindo traído o torcedor atleticano, entre mil e uma especulações, procura culpados, defenestra esta ou aquela figura em relação a quem nunca morreu de amores mesmo nos bons momentos e vê ruir o seu encantamento em relação a ídolos que se revelam de pano e falíveis como qualquer simples mortal.
Aquele torcedor mais racional vai além. Ele quer saber quais as razões de uma queda tão brutal de rendimento de vários jogadores que na temporada passada voaram e brilharam intensamente. Seria uma simples acomodação, como afirmam alguns? Se o Turco não era de fato um treinador á altura do elenco e do tamanho do Atlético, como defendem outros, por que o time não consegue decolar sob o comando do vitorioso e campeoníssimo Cuca? Ou existiriam mesmo “circunstâncias” que, de fato, incomodaram vários atletas, como alguns perfis tradicionais já começam a admitir? E, se isso é verdade, o que seriam essas “circunstâncias”?
Não, não estou propondo caminhar acriticamente pelo campo das especulações, mesmo porque, nesses tempos de vaca magra. i.e., de resultados adversos e de prognósticos ruins como os atuais é sempre delicado lidar com as informações e com as notícias que sempre pululam aqui e ali, seja na mídia convencional, seja nos veículos alternativos. Em meio a tudo isso uma verdade é inconteste: o que se vê em campo nessa temporada nos jogos do Atlético é um bando de jogadores sem inspiração, sem energia, sem alegria e sem aquele brilho de vencedor iluminando os olhos de cada um.
E é claro que isso não acontece atoa, ainda que na vida e, no futebol não é diferente, as coisas sejam cíclicas, alternando-se os bons e os maus momentos. Se os momentos ruins perduram demasiadamente ou se um time desaba em queda livre de uma forma tão grotesca e tão evidente quanto vem acontecendo com a equipe atleticana existem razões que obrigam o clube a produzir internamente um diagnostico que o possibilite a adotar soluções a fim de recolocar o Atlético nos trilhos. Causa e efeito, a física explica.
Por isso, a exemplo do que tenho dito em outros escritos neste e em outros espaços, alerto uma vez mais que qualquer caça as bruxas, fenômeno recorrente na história do Atlético, principalmente nesses momentos, nunca é produtiva e jamais traz dividendos positivos para o clube.
Assim, enquanto o Galo em seus interiores deve priorizar a elaboração de um diagnostico sério, holístico e profundo das causas dos males que se abateram sobre o clube nesta temporada e fazer os ajustes e as correições de rota necessários, cabe ao torcedor, antes de fritar qualquer jogador, treinador ou dirigente, primeiro e prioritariamente, buscar a verdade dos fatos, filtrando e checando um sem número de vezes toda e qualquer informação recebida.
Não canso de repetir que quando um time cai de produção como vem ocorrendo com a equipe do Atlético, quando vários jogadores caem de rendimento ao mesmo tempo, quando um time mostra com uma eloquência inescondível que nem sempre querer é poder, é sinal que os problemas são coletivos. E assim terminei o artigo publicado aqui no PRETO NO BRANCO na quarta-feira, dia 17 desse mês de agosto: “É TEMPO DE RECONSTRUÇÃO”, de muita reflexão e, óbvio, de muito trabalho e planejamento. Paradoxalmente, também é tempo de caça às bruxas e de eleição de bodes expiatórios. Por isso, é tempo igualmente de muitos cuidados e de cabeça no lugar. É tempo de jogar junto. É tempo de construir junto.
E, por fim, deixo um ultimo recado: é tempo de parar com esse blá blá blá. É tempo de mudar esses tempos de pouco futebol.
*TEXTO OPINATIVO É A OPINIÃO DO ESCRITOR RESPONSÁVEL, COM ISSO, NÃO REFLETE O PENSAMENTO DO PORTAL FALA GALO*