É hora de amarrar as chuteiras com as veias
Por: Max Pereira –
Nesta quarta-feira o convalescente e ainda inseguro time atleticano passará por mais uma prova de fogo. E não importam os problemas e as crises recorrentes do Flamengo e, nem tampouco, o histórico dos últimos confrontos, amplamente favorável ao alvinegro das Gerais.
Com todo o respeito que o adversário merece, independentemente do momento ruim que o rubro-negro carioca atravessa, o Galo terá diante de si, além do Urubu, um adversário muito complicado e que, por vezes, tem sido implacável e imbatível, impondo ao Glorioso derrotas doloridas e impiedosas: o próprio Atlético.
Este primeiro confronto com o Flamengo pela oitavas de final da Copa do Brasil cresce de importância e de significado para o Atlético por ser também o jogo da confirmação de uma recuperação, de uma volta por cima, de um time muito machucado que, nos últimos jogos antes da partida entre estes dois gigantes do futebol brasileiro pelo primeiro turno do Brasileirão 2022, vencida pelo Galo por 2 x 0, havia chegado ao fundo do poço, deixando claro que o clube estava mergulhado em problemas que clamavam por soluções efetivas e urgentes.
Vencer adversários tradicionais em qualquer circunstância é saboroso. E, neste momento em particular, uma nova vitória aumenta a autoestima dos jogadores, pacífica o clube e devolve ao grupo, ao ambiente intramuros e à instituição em geral, a paz, a harmonia e tranquilidade para que o trabalho dentro de campo flua com mais qualidade e proficiência e para que a engrenagem da máquina atleticana funcione com eficácia e com a sintonia necessária para que o clube continue rumo ao protagonismo colimado pelos seus próceres e sonhado pela sua torcida.
Portanto, uma nova vitória sobre o seu maior rival além das fronteiras de Minas, mais do que asfaltar o caminho para a fase seguinte da Copa do Brasil, significa também fortalecer o Glorioso daqui prá frente para esta jornada tripla que vem tirando o sono de muitos galistas apaixonados e que, em razão, das turbulências que vêm sacudindo o Glorioso nestes últimos tempos, se tornaram um tanto quanto descrentes e desconfiados. É jogo de Copa do Brasil sim, mas não se iludam, a sorte na Libertadores e no Brasileirão também estará em jogo.
Tanto quanto a sua massa torcedora é visceral, sanguínea e, em um simples piscar de olhos, vai dos 8 aos 80, i.e., da terra arrasada ao céu, as coisas no Atlético são explosivas, midiáticas, corrosivas e paradoxais. Assim, se para os jogadores é hora de amarrar as chuteiras com as veias, para a massa atleticana é hora de jogar junto como sempre jogou em momentos que ninguém mais apostava um centavo sequer no Galo e ela acreditou. Ela não só acreditou, mas derrotou o vento e embalou o time levando-o a grandes conquistas. E, se alguém ainda duvida disso, perguntem a Ronaldinho Gaúcho e Cia. Ltda..
Diferentemente de 2021, quando o time atleticano trouxe a massa para dentro de campo, fazendo-a acreditar que nada era impossível, 2022, guardadas as devidas proporções, vem resgatando aquele clima do biênio 2013/2014, quando o “Eu Acredito” ecoou nas arquibancadas e invadiu o campo, embalando o time no ritmo da magia do Bruxo e ao sabor dos milagres do santo goleiro.
Nunca foi tão necessário jogar junto com time e com o clube, dentro e fora das quatro linhas. E a Massa já entendeu qual é o seu papel. Ela já sabe que também é hora de calçar as suas próprias chuteiras e amarrá-las com as suas veias.
Qual é o Atlético que física e emocionalmente entrará em campo a partir de agora ninguém saberá dizer. Qual é o Atlético que física e emocionalmente veremos dentro de campo o futuro vai dizer. A janela do meio ano poderá ser para o Galo uma madrasta que envergonha aquelas bruxas e personagens do mal das histórias infantis ou mesmo dos filmes de terror. Os jogadores que estão chegando não são salvadores da pátria e vão precisar de tempo para se adaptarem e entrarem em forma.
Mais do que nunca é hora de todos os atleticanos, torcedores, jogadores, funcionários e dirigentes, calçarem, cada qual, as suas chuteiras e as amarrarem com as suas veias.