E, de repente, Big Phil chegou ao Atlético. E aí?
Por Max Pereira @Pretono46871088 @MaxGuaramax2012
Como de praxe o Atlético viveu mais um dos seus eternos e recorrentes momentos de ebulição cujo ponto alto e bastante infeliz foi a tumultuada e mal explicada saída do treinador argentino Eduardo Coudet.
Depois de uma informação controversa e jogada aos quatro ventos de que o comandante havia entrado aos berros no vestiário atleticano após o triste e xoxo empate diante do Red Bull Bragantino e, em seguida, se despedido de seus jogadores e batido boca com diretor Rodrigo Caetano, o Atlético divulgou uma nota oficial indicado que, diante do pedido verbal de demissão formulado pelo treinador, Coudet não era mais o técnico do Atlético. Fiquei me perguntando qual era a base jurídica daquela decisão.
Segundo alguns perfis e outras fontes, inclusive, da mídia convencional, o clube entendia que tinha direito a receber do treinador argentino a multa aprazada em contrato. Novamente, me vi perguntando a mim mesmo qual era a base de sustentação legal daquela expectativa, já que não havia um pedido formal de demissão.
Da mesma forma que nenhuma pessoa presente no vestiário naquela noite aziaga confirmou ou contou textual e publicamente o ocorrido dentro daquelas paredes e, outrossim, houve até desmentidos de um jogador e fuga do assunto por parte de outro, quando perguntados sobre o que de fato teria acontecido lá, seguidos de desmentido de desmentido, sobrou ao final, somente e apenas aquele surrado papo de que uma fonte falou que alguém disse que ouviu de outro alguém que o Coudet falou e fez isto e aquilo.
A continuidade de Coudet à frente do time atleticano tornou-se, para a alegria de alguns e tristeza e muita preocupação de outros, insustentável. Não restou a ambas as partes formalizarem o desenlace. E aí? Como ficaria multa? Como não havia nem pedido de demissão de um lado e nem demissão de outro, só restou ao clube e ao treinador negociarem o fim do contrato.
Coudet veio a Belo Horizonte e tornou-se protagonista de uma versão moderna daquela tradicional brincadeira “Cadê Wally”. Ninguém sabia e ninguém o viu. Nem Alfred Hitchcock, o rei do suspense, seria capaz de produzir um roteiro mais nebuloso e intrigante. E a pergunta que não queria calar: quem pagaria a multa? O treinador ou o clube?
Ao fim de uma negociação, segundo algumas fontes, delicada e complexa, as partes chegaram a um acordo e ninguém teria que pagar nada a ninguém. Dizem as más línguas que talvez algum historiador na segunda metade deste século ou início do próximo nos conte a verdade. Quem ainda estiver vivo até lá saberá. Coisas do Atlético, diria a velha Zulmira, aquela atleticana que não entendia nada de futebol, mas sabia das coisas como ninguém.
Ainda que o acordo tenha se dado de fato nos termos informados, o prejuízo do clube é inquestionável. Moral e talvez esportivo, independentemente do que vai gastar com a nova comissão técnica. Agora é juntar os cacos e buscar evitar um desastre maior. Zerar um trabalho e iniciar outro no meio de uma temporada costuma ser um processo caótico.
Paralelamente a tudo isso o elenco se reapresentava na Cidade do Galo depois de uma merecida e bem vinda parada e sob as orientações do eterno interino Lucas Gonçalves começava a se preparar para o jogo contra o Fluminense em Volta Redonda pelo Brasileirão, a ser jogado nessa próxima quarta-feira.
Fora das quatro linhas, a diretoria buscava um substituto para Coudet e colecionava nãos de técnicos curiosamente de perfis diversos que tinham em comum ou o fato de serem estrangeiros ou o fato estarem na moda. Bruno Lage, Jorge Jesus, Carvalhal e Tite foram os nomes mais citados como Plano A do Atlético. Tiago Nunes, Rogério Ceni, Mano Menezes e até Pezzolano foram outros nomes ventilados aqui e ali.
E, de repente, Big Phil chega ao Atlético. Ainda que Felipão tenha rejeitado este apelido, dado a ele anos atrás na Inglaterra quando o treinador brasileiro assumiu o comando do Chelsea, ainda há quem insista em lembrá-lo. Philipp é Felipe em inglês e Phil é diminutivo de Philipp. Portanto, Big Phil é a versão inglesa de Felipão prontamente rejeitada pelo treinador.
Pouco importa se Felipão, Bruno Lage, JJ, Carvalhal e Tite tenham mais diferenças entre si do que semelhanças ou que também difiram bastante de Coudet. Pouco importa também se o clube não colocou o perfil tático e de concepção de jogo em primeiro plano na busca por um novo treinador. Pouco importa, ainda, se Felipão tem 74 anos e se, na opinião de muitos, seja já um treinador ultrapassado.
Da mesma forma nada importa se os times de Felipão normalmente não jogam bonito e nem praticam aquele futebol plástico e gostoso de se ver. Mas, a experiência do velho comandante, aliada a uma expertise no futebol e somada à sua personalidade e à autoridade que ele impõe naturalmente e que fazem dele alguém bom de vestiário tornam interessante e positiva a sua contratação neste momento.
E, não bastasse isso, dois outros fatores credenciam a sua chegada ao Galo mais querido e mais famoso do mundo. Falo da amizade com Hulk e da realização de um sonho confessado em uma entrevista concedida por ele a um veículo de comunicação do sul do país em 2018 e que pouco repercutiu nas Minas Gerais na época, mas felizmente recuperada agora e que deixa claro a razão do aceite dado ao Atlético por ele.
Felipão abandonou a aposentadoria e veio para o Atlético por razões que a sua alma e o seu coração conhecem de sobra. Esperem dele, portanto, trabalho, comando, conhecimento das nuances do futebol, boa gestão de vestiário e um futebol competitivo e de resultados. Se os títulos vão vir sob o seu comando, só o tempo e o futuro mostrarão. Por ora, se conseguir reorganizar o clube internamente e evitar o desastre que se desenhou com a saída intempestiva e até temerária de Coudet, já será um lucro e tanto.
E, de repente, Big Phil chegou ao Atlético e, com ele, espero, o equilíbrio, a confiança dos atletas restaurada e a expertise no futebol atleticano. Mas, se falharem com ele, como falharam com Coudet, se não cumprirem o que prometeram e se não derem a ele o elenco que ele espera contar, a maionese atleticana vai desandar, o caldo alvinegro vai entornar de novo e, aí, nem os deuses do futebol salvarão o Atlético.
E, de repente, Big Phil chegou ao Atlético e o mundo esportivo comentou, a massa se agitou, muita gente gostou, outro tanto se incomodou, teve inimigo que detestou, Felipão claramente amou e eu, como todo atleticano que se preza vou que vou, torcendo, vigiando, cobrando e acreditando. E, de repente, Big Phil chegou ao Atlético. E aí?
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