‘Caso Mineirão’: Presidente do Atlético volta a fazer críticas, Estado cria comitê de análise, e Minas Arena emite nota

Por: Hugo Fralodeo
E o ‘embate’ entre Mineirão e clubes teve mais alguns assaltos nesta terça-feira (24). Por conta do imbróglio em que o Atlético está envolvido, o Governo do Estado de Minas Gerais, através de seu secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, anunciou a criação de um comitê para analisar a questão com a administradora do estádio, a Minas Arena.
Em entrevista coletiva com este propósito, Marcato revelou que a criação deste comitê já era prevista no contratado de concessão do estádio, firmado em 2013. O comitê terá representantes do próprio Governo do Estado, de Atlético, América e Cruzeiro, da CBF, da FMF, além da própria Minas Arena.
Segundo informou o secretário, o objetivo do comitê é “receber a programação dos próximos 12 meses de todas as atividades e eventos que serão realizados no Mineirão, fazer questionamentos e pedir esclarecimentos para harmonizar interesses comerciais, como shows e outras atividades, com a atividade desportiva”.
Ainda de acordo com Marcato, a intervenção do Governo se faz necessária parava redução do desgaste entre a administradora e os clubes, com o intuito que o Estádio não deixe de receber jogos de futebol, sua principal atividade.
A primeira reunião está prevista para acontecer em até dez dias e deve seguir em encontros mensais entre todos os representantes do comitê.
Na coletiva, o secretário revela que o Estado possui 66 datas para usufruir e repassar aos clubes:
“Nós temos direito a 66 datas para futebol. Se é gratuita ou não, tenho que perguntar aos meus advogados, porque não posso fazer caridade com o chapéu do contribuinte. Não posso usar o dinheiro do estado para dar dinheiro para os clubes, mas eu posso usar esses eventos para garantir a negociação comercial com os clubes”.
Minas Arena emite nota
Após a coletiva do secretário, ainda na noite desta terça-feira (24), a Minas Arena emitiu uma nota oficial para justificar questões levantadas na coletiva. A concessionária informou que aguarda o ofício da criação do comitê para a indicação dos membros. Ao longo da nota, a administradora se posiciona em relação a pontos colocados por Marcato.
Confira a nota na íntegra:
“O Mineirão confirma que o Estado solicitou a apresentação de uma proposta que permita a redução da parcela variável do contrato de Parceria Público-Privada (PPP), conforme informado pelo secretário, em entrevista coletiva nesta terça-feira (24).
A Concessionária está realizando estudos sobre a solicitação e retornará assim que finalizá-los. Conforme pontuado pelo secretário, os pagamentos realizados pelo Estado possuem o objetivo de ressarcir a empresa o valor já determinado em contrato pela reforma, renovação e adequação do Complexo do Mineirão, e não para garantir o lucro da concessionária.
Além disso, é preciso desmistificar que o contrato do Mineirão é uma despesa para os cofres públicos. Segundo estudo do Ipead, da UFMG, de 2019, os jogos e eventos promovidos pelo Mineirão movimentaram, em apenas um ano, R$ 662 milhões na economia mineira, além da criação de quase 6 mil postos de trabalho. A cada R$ 1 gasto no Mineirão, R$ 3,23 é dispendido imediatamente na economia. Ou seja, o estádio devolve anualmente para a economia um valor superior ao custo de sua reforma para a Copa do Mundo.
Com relação à ativação do Comitê de Esporte, Cultura e Lazer (CECL), o Mineirão informa que aguarda o recebimento de ofício, como informado pelo secretário, para indicação de membros. Já foi demonstrado que o estádio é capaz de priorizar o futebol, ocupando as datas ociosas com eventos, conforme aconteceu em 2022, em comum acordo com os clubes.
O Mineirão lembra que realizou, no ano passado, 55 partidas de futebol e 156 eventos, fazendo de 2022 o melhor ano de sua história.
Com relação ao uso das datas de Estado, previsto no contrato, a Concessionária esclarece que, observado o procedimento para a fixação destas datas, o contrato não prevê a cessão gratuita aos clubes para a realização de jogos, e não impede a cobrança do uso do complexo esportivo. Os clubes são particulares que usufruem o estádio para o desenvolvimento de atividade econômica e lucrativa.
Por fim, o Estado e a Concessionária devem atuar de forma sinérgica, a fim de que os interesses dos clubes possam se equilibrar com o interesse público e com os legítimos direitos do parceiro-privado”.
Sérgio Coelho volta a criticar
Antes da estreia na temporada, no último sábado (21), o presidente do Atlético, Sérgio Coelho, já havia criticado a administração do Mineirão com base na transferência de três jogos do Atlético na primeira fase do Campeonato Mineiro para o Horto e a possibilidade de haver mais datas bloqueadas para o uso do Mineirão por parte do Clube.
Nesta terça, em entrevista à rádio Itatiaia, o presidente voltou a fazer críticas sobre a administração do estádio, revelando que o Atlético, inclusive, tem propostas para jogar fora de Belo Horizonte:
“A sensação que tenho é de que o Mineirão vê o futebol como um subproduto. O futebol mineiro é um subproduto, hoje já não é o mais importante para o estádio. Assim como o Cruzeiro, que está saindo para jogar no Independência, nós já temos alguns jogos marcados no Horto e temos convites para jogar em algumas arenas fora de Belo Horizonte. Temos de encontrar soluções para os nossos problemas”.