A matemática entende muito de números, mas entende pouco de Atlético
Por: Max Pereira @MaxGuaramax2012
Essa frase título não é minha. É de outro atleticano. Peço, portanto, licença para usá-la para dar nome ao meu artigo de hoje. Dizem que os números são frios e são mesmo. E, ainda que reflitam muitas verdades interessantes e inquestionáveis, nunca serão capazes de explicar o Atlético em sua total complexidade.
Com a ajuda de alguns atleticanos raiz vou discorrer sobre um fenômeno tipicamente atleticano e tentar responder a uma pergunta, cuja solução considero fundamental para o Glorioso construir aquela história que todo Galista apaixonado sonha: “por que um time com números tão interessantes e, por vezes, tão expressivos como os que o Atlético possui não se traduziu em mais títulos nacionais e internacionais?
Segundo o grande Daniel Tibúrcio (@danielgalim), o genial criador do único aplicativo que conta a história do futebol em números, o Ranking do Futebol, o Atlético foi o primeiro clube a fazer mil gols e o segundo a fazer 2000 gols no Brasileirão da era moderna, i.e., de 1971 até os dias atuais. Também foi um dos primeiros a fazer 1000 e 2000 pontos. E mais: figurou um tempo ímpar nos três primeiros lugares do ranking oficial do futebol brasileiro, inclusive, ostentando em vários momentos o primeiro lugar, além de ser o recordista em participações nas semifinais nos tempos dos mata-matas.
Por outro lado, conforme nos lembra o excelente Jorge Lopes Cançado (@lopes_cancado) nesse século, o Atlético já foi comandado por 42 treinadores (sem contar interinos). E, a título de comparação, Cançado nos mostra que este número é o DOBRO do que o Liverpool teve em toda a sua HISTÓRIA, foram 21 treinadores em 131 anos. E, complementa: não à toa, no Galo, “desde 2001, o único treinador que conseguiu começar e terminar uma temporada foi Cuca, que repetiu o feito em 2012 e 2021”.
E ele não para por aí. Vejam:
Nos piores momento, o Galo chegou a ter quatro treinadores no mesmo ano:
2004 – Bonamigo, Picerni, Mário Sérgio e Procópio
2005 – Procópio, Tite, Marco Aurélio e Lori Sandri
Desde a chegada dos 4Rs ao comando do clube, houve uma frustrada tentativa de continuidade:
2020 – Sampaoli pediu pra sair ao fim do ano;
2021 – Cuca pediu pra sair ao fim do ano;
2022 – Demissão de Turco Mohammed
2022 – Cuca pediu pra sair ao fim do ano;
2023 – Coudet pediu pra sair; (Será mesmo, pergunto, eu)
2023/2024 – Felipão no comando.
Em razão desse histórico preocupante das trajetórias de diversos treinadores no Atlético, Cançado faz uma pergunta que tem todo o sentido: “Será que Scolari emplaca a temporada 2024 até o fim?”.
Olhem, continua Cançado, o histórico do atlético nos pontos corridos (2003/2023):
3º que mais somou pontos com 1.180 pontos
4º melhor ataque com 1.132 gols marcados
Melhor mandante com 63% de aproveitamento
Melhor visitante com 38% de aproveitamento
2º com mais vitórias de virada (50 vitórias)
3º que mais goleou (61 goleadas aplicadas)
🏆1x Campeão (2021)
🥈2x Vice Campeão (2012, 2015)
🥉2x Terceiro Colocado (2020, 2023)
🎖️5x G4 nas últimas 10 edições
Já o Muras1313 (@muras_silveira), outro atleticano de quatro costados, faz uma provocação igualmente curiosa e significativa ao afirmar que em Minas Gerais é assim: o Galo é
O último campeão da Libertadores, 2013;
O último campeão da Recopa Sul-americana, 2014;
O último campeão brasileiro, 2021;
O último campeão da Copa do Brasil, 2021;
O último e único campeão da Supercopa do Brasil, 2022;
E o último campeão mineiro, 2020, 2021, 2022 e 2023.
Por fim, o não menos atleticano, o bom Minelli Kajuru (@kajuru_1982) comparou em seu Twitter os seguintes números relativos aos títulos, desempenhos e gols do Atlético e do rival azul de 2013 a 2023 e, também, as classificações finais dos dois times nos estaduais mineiros disputa dos no mesmo período. Vejam:
TÍTULOS DE 2013 à 2023
🐓 @Atletico
🏆🏆🏆🏆🏆🏆🏆 Mineiros
🏆🏆 Copa do Brasil
🏆 Libertadores
🏆 Brasileirão
🏆 Supercopa
🏆 Recopa
✅ 13 Títulos
🦊 @Cruzeiro
🏆🏆🏆 Mineiros
🏆🏆 Brasileirão
🏆🏆 Copa do Brasil
🏆 Série B
✅ 08 Títulos
NÚMEROS no BRASILEIRÃO DE 2013 à 2023
🐓@Atletico
🏟️ 418 Jogos
🅿️ 687 Pontos
✅ 194 Vitórias
⛔ 105 Empate
👎🏾 119 Derrotas
⚽ 607 Gols Pró
🥅 465 Gols Contra
🦊@Cruzeiro
🏟️ 304 Jogos
🅿️ 455 Pontos
✅ 123 Vitórias
⛔ 86 Empate
👎🏾 95 Derrota
⚽ 379 Gols Pró
🥅 310 Gols Contra
CLASSIFICAÇÕES FINAIS nos ESTADUAIS DE 2013 à 2023
🐓 @Atletico
🏆 2013
🥈 2014
🏆 2015
🥈 2016
🏆 2017
🥈 2018
🥈 2019
🏆 2020
🏆 2021
🏆 2022
🏆 2013
🦊 @Cruzeiro
🥈 2013
🏆 2014
3️⃣ 2015
3️⃣ 2016
🥈 2017
🏆 2018
🏆 2019
5️⃣ 2020
3️⃣ 2021
🥈 2022
3️⃣ 2023
E, além de tudo isso, a primeira matéria do Fala Galo nesse novo ano de 2024 tem a seguinte chamada/titulo: “Atlético tem o melhor aproveitamento como mandante e visitante na era dos pontos corridos do Brasileirão“.
Diante de todos esses números, como você responderia à pergunta de 1 milhão acima formulada? Para você, por que o Atlético nunca conseguiu traduzir estes números em mais títulos nacionais e internacionais?
Carma? Sina? Maldição? Incompetência? Desimportância política? Má gestão e falta de planejamento adequado? Crises e contusões em profusão? Ambientes conturbados? Falta de comando e de conhecimento/expertise de dirigentes? Contratações equivocadas e desmontes irresponsáveis? Inapetência, fragilidade e omissão histórica e inconsequente no jogo dos bastidores? Arbitragens facciosas? Poder econômico alienígena, concorrência e rivalidade desleais? Mídias e narrativas hostis? Tudo isso junto e misturado?
Se os números não conseguem responder à essa pergunta e, nem tampouco, dar pesos a todas as hipóteses/causas levantadas acima, eles deixam claro uma dicotomia perversa e corrosiva que precisa ser diagnosticada e enfrentada.
Sempre acontece algo. Uma contusão ou uma suspensão de última hora como, respectivamente, o Xodó Marques e o Rei Reinaldo podem contar e explicar como ninguém mais. Uma chuva inesperada que se transformou no dilúvio de São Caetano, não é mesmo Guilherme Alves? Ou respondam vocês, Valdo e Mancini. Uma arbitragem facciosa, não é mesmo e, por exemplo, Cerezo, Reinaldo, Éder, João Leite, Hulk, Léo Silva, Fábio Augusto e Tchô? E o que diria Taffarel da histórica e péssima organização administrativa-financeira do clube ao longo dos tempos?
Por que tantos pênaltis claros e incontestáveis deixaram de ser marcados a favor do Atlético e outros tantos inexistentes foram assinalados contra? E o que falar dos impedimentos contra e a favor? Por que Hulk é o recordista no futebol brasileiro de faltas cometidas contra ele e não apontadas pelos árbitros?
Por que a violência contra o Rei Reinaldo foi criminosamente tolerada e um tsunami de cartões vermelhos e amarelos eram dados a Éder Aleixo e a quase nenhum dos marcadores violentos dos dois craques históricos Galo?
Ou por que, vez ou outra, acontecia uma mudança casuística e imoral de regulamento da competição para mudar mandos de campo e vantagens adquiridas legitimamente dentro das quatro linhas? Ou por que ainda um desmonte indesejável e inconsequente do elenco ou uma crise gerada intramuros do clube ou ardilosamente plantada pelos inimigos de sempre que recorrentemente sempre se aproveitaram da incapacidade crônica do clube de se blindar e aos seus ativos, tiraram o Atlético da rota de um título?
Se de um lado há que se ter muita vontade política, discernimento, parcimônia, atitude, cuidados, estratégias, trabalho e visão por parte dos dirigentes do clube/associação originária e dos donos e gestores da SAF para fazer o Atlético exorcizar todos estes demônios, por outro há que se ter muita vigilância, participação, cobrança, crítica e ações estratégicas construtivas por parte de sua massa torcedora, se quisermos que o Atlético seja aquele campeão e vencedor dos nossos sonhos.
Se de um lado, para que o Glorioso consiga enfrentar os desafios cada vez mais pesados que o futebol dos tempos atuais vem impondo a todo e qualquer clube e, portanto, seja efetivamente vencedor e campeão, há que se ter a implementação e a consolidação definitiva de uma gestão profissional, eficiente, responsável e transparente, de outro a relação clube/torcida deve ser a referência inarredável, insubstituível, inquestionável, inalienável, definitiva e perene para rodas ações, medidas, processos e métodos implementados e desenvolvidos no clube, aqui entendido como uma estrutura híbrida composta pela associação originária, o mundialmente conhecido Galo e pela empresa(SAF) recém constituída.
Se de um lado, não é difícil perceber e entender que os números e a matemática são insuficientes para colocar o Atlético nos trilhos do sucesso colimado por todos nós, Galistas apaixonados, de outro é forçoso e essencial reconhecer que a atleticanidade é a única e vital seiva capaz de sustentar esse Galo maluco, bipolar, mais querido e mais amado do planeta.
Ah! Faltou dizer que reconheço que o Atlético já venceu um jogo ou outro ou se livrou de uma derrota graças a um erro de arbitragem. Mas, para cada erro a favor são incontáveis, imorais e decisivos os erros contra.
Que a partir de 2024 os números atleticanos comecem a se refletir efetivamente em mais títulos e em mais conquistas. Que 2024 seja um ano de conquistas para todos nós.
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal Fala Galo.