O CIGA errou na indicação de Fábio Gomes? Ex-analista de desempenho do Atlético explica processos de contratação

Por: Hugo Fralodeo
O Atlético anunciou a contratação do desconhecido centroavante Fábio Gomes no dia 7 de janeiro. As únicas informações mais claras sobre o atacante davam conta de se tratar de um homem de área, que havia sido vice artilheiro da série B, em 2019, e vinha atuando no New York Red Bull, da MLS.
A partir da implementação do Centro de Informações do Galo (CIGA), toda e qualquer contratação do Atlético passa pela análise do departamento, que foi criado justamente para embasar as contratações, a partir do mapeamento de diversos jogadores no mercado. Fábio Gomes era um jogador monitorado pelo CIGA, foi contatado e, depois de apenas 16 jogos e 3 gols marcados, foi emprestado ao Vasco. Fábio Gomes não deu certo no Atlético. Fábio Gomes foi um erro de indicação do CIGA?
Primeiramente, é absolutamente necessário frisar que nenhum sistema e nenhum departamento é à prova de erros. Dito isso, Fred Fortes, analista de desempenho que trabalhou no Atlético entre 2018 e 2022, portanto, esteve à serviço do clube e trabalhando com o CIGA na época da contratação de Fábio Gomes (e de todos os reforços do período) – ainda que atuasse com a análise tática dos adversários do Atlético -, explica o processo de análise e contratação de jogadores a partir da análise do departamento, em entrevista ao programa ‘Papo de Setoristas’, no canal no YouTube do jornalista Breno Galante.
Fred contou como a análise é feita, citou um possível motivo para um jogador monitorado não dar certo no clube, além de apontar o modelo que considera ser ideal para se fechar a contratação de um jogador que consta no banco de dados montado pelo departamento:
“Pode ser o lado psicológico, mas é difícil a gente cravar o que pode ser (o motivo para um jogador não dar certo). É feita uma análise e um cruzamento de dados dentro das métricas, mas, eu acho que ainda existe um espaço para o ‘feeling’. O número não é tudo. Os números estão ali para te auxiliar a filtrar dentro de um universo grande de jogadores. A gente filtra, chega aos números, aí você não pode mais ver em um computador, você tem que assistir o jogador em loco, dois, três, quatro jogos, e ver como ele ‘perfoma’ em campo.”
Mais especificamente sobre a contratação de Fábio Gomes, Fred contextualiza os pontos necessários a se atentar após a análise do departamento, inclusive, se o jogador se enquadra no modelo de jogo time e na preferência do treinador:
“Vou falar pelo trabalho que eu acho que seria o certo. Seria certo levar isso (como o time joga) em consideração, sim. Não sei se eles levaram, porque eu não estava dentro da sala de decisão. Mas o Rodrigo Caetano é muito competente, ele é um cara muito sério. Provavelmente, ele deve ter levado em consideração o modelo de jogo do Atlético para trazer um jogador que se encaixaria no esquema de jogo. Mas, normalmente, precisa se fazer essa análise. A análise dessa parte tática é muito importante, do perfil do treinador… tem treinador que não gosta e não vai usar jogador de área”.