Paulo Roberto Prestes revela o motivo para a perda da Conmebol de 95
Por: Hugo Fralodeo
Convidado do PODFALAGALO #006, o ex-lateral e capitão do Galo, Paulo Roberto Prestes, que disputou mais de 500 partidas com o Manto e levantou, entre outras taças, a Copa Conmebol de 1992, contou detalhes do jogo final da Conmebol de 95, contra o Rosário Central, na Argentina, quando o Atlético ficou com o vice campeonato, após o Atlético ter feito 4×0 no Mineirão e sofrer uma derrota pelo mesmo placar em Rosário, perdendo a taça na disputa de pênaltis.
Prestes revelou que o Atlético convivia com o atraso salarial na época, algo que incomodava o grupo, inclusive, sendo motivo de uma briga entre o ídolo Taffarel e Paulo Cury, presidente do clube à época:
“Foram várias situações. Para começar, quando a gente saiu do Brasil, estávamos com quatro meses de salários atrasados e falamos com o presidente ‘tenta acertar pelo menos dois meses, para dar um incentivo para o pessoal’. Eu e Taffarel conversamos com ele e o presidente falou assim: ‘Olha, vou falar uma coisa real para vocês, eu não tenho dinheiro nem para pagar prêmio’. Então, já começou aí. Taffarel quase saiu na pancada com o Paulo Cury, tivemos que segurar…”
Paulo ainda contou que a chegada à Argentina foi muito conturbada, mas que o verdadeiro motivo pela grande virada do Rosário, era que os jogadores do time argentino estariam dopados:
“E chegamos lá (na Argentina), foi uma coisa muito mal elaborada, de logística, chegar no horário, não houve exame anti-doping, nitidamente aquele time estava dopado. Eu falei para o juiz antes de começar o jogo: ‘No hay seguridad, no hay seguridad’. Não tinha segurança para o jogo, os caras estavam pegando nos alambrados e querendo bater na gente, foi uma loucura total. Aquilo foi um assalto a mão armada. Assaltaram a gente lá, na realidade, para te falar com toda a sinceridade do mundo, foi uma coisa surreal. Tanto é que teve o segundo gol, eu fui pegar a bola dentro do gol para acalmar o time, veio o zagueiro deles, me pegou pelo pescoço e me levantou. Os caras estavam loucos demais.”
Após a disputa de pênaltis, que deu o título aos argentinos, Prestes confidenciou que os argentinos queriam invadir o vestiário e partir para a briga com os jogadores Atleticanos, que foram salvos pelo velho Belmiro:
“Foi para os pênaltis e, quando eles ganharam, eles tentaram invadir o nosso vestiário. A sorte foi que o Bel trancou o vestiário, não sei o que deu na cabeça dele, senão iria dar morte, eu tenho certeza. Queriam quebrar tudo. E aqui (no jogo de Belo Horizonte) não aconteceu nada. Como sempre, brasileiro aceita muito bem o que eles fazem aqui, mas, quando você vai lá, a situação é bem diferente.”
Lamentando muito, Prestes relembrou como a situação no Atlético era precária na época, destacando o descaso dos dirigentes:
“Para mim aquilo lá foi um roubo total, do início ao fim. Sem falar que os dirigentes do Galo não se prepararam para aquela final. Deveriam ter dado mais segurança para a gente, levado seguranças, uma infraestrutura, mais foi a Deus dará. Era surreal as coisas que aconteciam naquela época”.
COPA CONMEBOL DE 1995
Campeão em 1995, o Atlético chegou à final da Copa Conmebol de 95 passando por Guarani (oitavas), Mineros de Guayana-VEN (quartas) e América de Cáli (semi), na partida de Belo Horizonte, o Galo meteu 4×0 no Rosário e foi a Argentina podendo perder por até três gols de diferença que ainda ficaria com a taça. Depois de sofrer o mesmo 4×0 que aplicou no jogo de ida, no tempo normal, o Galo sucumbiu nos pênaltis, ficando com o vice. Para o Rosário, aquele foi o primeiro título internacional do clube, tendo o feito reconhecido pela mídia sula-mericana e a própria Confederação como histórico e milagroso.
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