Preto no branco: allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô!!! É meu Galô, meu Galô, meu Galô!!!

Por: Max Pereira
Depois de uma pandemia que ceifou a vida de alguns milhões de seres humanos ao redor do planeta e paralelamente a uma guerra sem tréguas que vai sendo travada de forma insana e cruel no leste europeu, a terremotos que arrasaram a Turquia, a Síria e as Filipinas, a um furacão que varreu a Nova Zelândia e em meio a chuvas torrenciais que vem provocando mortes, acidentes e muito sofrimento a milhares de brasileiros que normalmente já vivem em situação de vulnerabilidade grave e de insegurança alimentar absurda, a festa brasileira mais popular de todos os tempos reuniu Brasil afora milhões de foliões.
Assim como o Atlético e a sua imensa, apaixonada e passional torcida são bipolares, instáveis e viajam da agonia ao êxtase e da euforia à mais profunda das angústias em um piscar de olhos, o Brasil e os sentimentos do nosso povo vão dos 8 aos 80 em meio a este emaranhado de fatos e de notícias que ora nos fazem gargalhar presos a uma alegria infinita, ora nos fazem chorar aos borbotões, desacreditando inteiramente na humanidade e na vida.
BH foi particularmente sacudida pelo, talvez, maior carnaval da sua história. Enquanto as escolas de samba e os tradicionais blocos caricatos tomaram conta da Avenida Afonso Pena, um número cada vez maior de blocos carnavalescos desfilaram nas mais diversas regiões da cidade e nos mais diversos dias e horários, mantendo ininterruptamente acesa e efervescente a festa de Momo na cidade do mais belo horizonte.
Há vários anos, os saudosos Aníbal Goulart, então vice-presidente do Atlético, e o radialista e jornalista Paulo Roberto Pinto Coelho, o repórter que sabia de tudo, atleticanos de raiz, juntos com outros galistas apaixonados, se inspiraram, no Canto do Galo que irrompe em todas as madrugadas e fundaram o Grêmio Recreativo Escola de Samba CANTO DA ALVORADA, hoje a agremiação mais vitoriosa do carnaval belorizontino.
Se na capital de todos os mineiros, o Canto do Galo se faz ouvir forte e retumbante, em Recife o Galo da Madrugada se tornou uma das mais legítimas e importantes manifestações carnavalescas de Pernambuco e de todo o Nordeste e no Paraná, o Galo de Maringá, brilha imponente e altaneiro. Seus cantos se fazem ouvir saudando o carnaval e os nossos corações fazendo pulsar.
Ao som dos tamborins e em meio ao noticiário esquizofrênico muito próprio de sua história, o Galo mais famoso e mais querido do mundo se preparou para uma vez mais iniciar a sua participação na maior competição do continente. E depois de enfrentar uma viagem desgastante, demarcada por uma logística pesada, o Atlético chegou à Venezuela sem o seu melhor e mais importante jogador, abatido pela COVID, cujo vírus insiste em incomodar e aterrorizar o já sofrido e inseguro torcedor atleticano.
Parafraseando e misturando as letras de algumas imortais e tradicionais marchinhas de carnaval, brinco, canto e tento descrever a expectativa e o espírito atleticanos neste momento paradoxalmente comum e singular da vida deste Galo maluco.
Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô
Mas que calor, ô-ô-ô, ô-ô-ô atravessamos a pandemia, o continente e até a própria idiossincrasia. A viagem foi cansativa, irritante, mas não tirou nossa alegria. Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô Mas que amor, ô-ô-ô, ô-ô-ô
Ei, pessoal! Vem moçada! A Libertadores vai começar para o Galo mais querido
Ei, pessoal! Vem moçada! A Libertadores vai começar para o Galo mais temido
O Galo é de briga, tem as esporas afiadas e a crista é dura como coral
É o Galo Glorioso, prometendo para Massa um ano inteiro de Carnaval
O canto da minha esperança de novo voltou a brilhar. A força fera confiança, avança Galo de BH. E quando a rede balança, no meu coração à pulsar, a emoção é preto e branca, avança Galo de BH. É paixão que arrepia, pra cima deles Galo de BH, vai tremer quem não temia, sempre que o Galo jogar. É campeão, é campeão e como dizia R10, quando é pra valer, o Galo faz qualquer adversário tremer.
Quando ouvirem o Galo cantar, todos vão querer saber o que aconteceu. A resposta é uma só.
Có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có o Galo venceu. E se alguém durante a noite gritar e muitos acordar, já sabem o que aconteceu: Có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có, có hoje o Galo venceu! Có, có, có, có, có, có, có, ró! Có, có, có, có, có, có, có, ró! Como é bom meu Galo Carijó.
ALLAH-LA-Ô, Ô-Ô-Ô, Ô-Ô-Ô!!! É MEU GALÔ, MEU GALÔ, MEU GALÔ!!!
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*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal FalaGalo.