Coisas do Atlético! O Galo, como sempre, no fio da navalha…
Por: Max Pereira
A bola parou de rolar no futebol brasileiro com honrosas exceções nas categorias de base e para uma decisão mineira em jogo único do certame feminino da temporada. Se com os garotos do Sub-15 e do Sub-16 do Atlético os resultados deixaram a desejar, no feminino as Vingadoras se sagraram tricampeãs mineiras em um clássico digno dos grandes confrontos masculinos entre o Atlético e o rival azul.
Depois de 90 minutos muito disputados e com direito a lances polêmicos, gol acertadamente anulado do rival e gol atleticano não confirmado depois que a bola após bater no travessão claramente quicou dentro do gol cruzeirense, o empate por 1 x 1 ficou de bom tamanho porque, além de fazer justiça à luta e à superação das atleticanas, premiou a grande atuação da goleira alvinegra, o grande nome do jogo e puniu a falta de pontaria do ataque cruzeirense em uma partida na qual, curiosamente, as meninas de azul foram melhores e mais personalistas na maior parte do tempo.
Fascinante como sempre, no futebol tudo é possível e a bola pune. O Atlético marcou primeiro e, se não fosse um erro da arbitragem, poderia até ter matado o jogo no chamado tempo normal. Na disputa de pênaltis Nicole, a excelente goleira atleticana brilhou e garantiu o título com duas defesas sensacionais. Destaque também para as atletas alvinegras que bateram as penalidades para o Atlético com extrema categoria e frieza. O placar final de 4 x 1 para o Galo fala por si só. As Vingadoras, fiéis à tradição atleticana, mantiveram o protagonismo e a hegemonia do futebol feminino nas Minas Gerais.
Já os meninos do Sub-15, não obstante terem feito até a semifinal a melhor campanha da Copa Brasileirinho da categoria, competição disputada na grande BH e que reuniu equipes de várias partes do país, ficaram fora da decisão do torneio ao serem derrotados pelo América Mineiro por 3 x 1. Enquanto isso, os garotos do Sub 16 foram até o sul do país para disputar ironicamente a Copa Galo Sub-17 e, sem uma vitória sequer, não passaram da primeira fase da competição. Valeu pela experiência.
Certamente alheio a tudo isso, o mundo político atleticano, fiel à sua tradição histórica, entrou em convulsão. A constituição da SAF alvinegra, a escolha de um novo nome da nova casa atleticana, denúncias gravíssimas apontando possível ilegalidade nas últimas eleições do Conselho Deliberativo do clube e uma indisfarçável briga entre dois ex-presidentes do clube, sacudiram o universo alvinegro e, pior, colocaram o Atlético, como acontecia em um passado de triste memória, nas páginas policiais.
Sem fazer qualquer juízo de valor sobre a desavença entre Alexandre Kalil e Ricardo Guimarães, não é difícil reconhecer que aqueles que dizem que o Atlético não pode e nem deve ser utilizado e, muito menos prejudicado, pelos dois litigantes, têm total razão. Mas, por outro lado, não há como não concordar com o ex-presidente Alexandre Kalil quando este argui que a constituição da SAF está prejudicada em razão das denúncias feitas em relação a uma possível ilegalidade nas últimas eleições do Conselho Deliberativo.
Enquanto essa questão não estiver definitivamente esclarecida e a imagem do clube não estiver de vez livre de qualquer mancha, não há como prosseguir na constituição da SAF e, muito menos, em qualquer tipo de negociação da mesma. Qual o investidor que, diante da perspectiva da fraude denunciada por três conselheiros beneméritos do clube, colocaria seu dinheiro no clube?
Lembrando que o ônus da prova é sempre de quem acusa e considerando a promessa dos acusadores de levar as denúncias às barras da justiça, o que foi referendado pelo ex-presidente em Alexandre Kalil na reunião do Conselho Deliberativo do clube que teve lugar no último dia 21 deste mês de novembro, conforme áudio de seu pronunciamento divulgado pelo Fala Galo e por diversos outros veículos, o mínimo que se espera é que tudo seja rigorosamente esclarecido e qualquer dúvida seja definitivamente espanada.
Qualquer que seja o desfecho, o clube e o Conselho Deliberativo não passarão impunes. Tudo isso são coisas do Atlético diriam muitos. E não deixa de ser verdade. Mas, o Galo como sempre estará no fio da navalha. Se as denúncias se confirmarem, as eleições do Conselho e de sua nova mesa diretora deverão ser anuladas, assim como qualquer outra decisão que tenha sido tomada, inclusive e, por óbvio, relativa à constituição da SAF e à sua venda para algum investidor. Além disso, os responsáveis, além das sanções legais pertinentes, deverão ser sumária e definitivamente afastados da vida do clube.
Se as denúncias não forem comprovadas, caberá ao Atlético acionar legalmente quem as tiver formulado por calúnia e difamação, exigindo a correspondente indenização por danos morais, além de promover as sanções estatutárias cabíveis.
Enquanto a bola rola no Catar e a Copa do Mundo vai sendo jogada, o Atlético, em meio a toda esta celeuma, anuncia seu novo treinador com um contrato até o fim de 2024 e espancar de vez as “notícias” de uma possível saída de seu diretor de futebol. A contratação de Eduardo Coudet em princípio para os dois próximos anos e a continuidade de Rodrigo Caetano à frente do futebol atleticano por um tempo não inferior a este, contradizem os rumores de que o planejamento alvinegro de longo prazo dependiam do investidor que fosse assumir a SAF e, claro, do modelo de clube que este imporia.
Se o novo treinador cumprir o seu contrato até o fim, se Caetano também vai continuar à frente do futebol atleticano ou não, se o dono da SAF atleticana vai mudar tudo ou não, quem viver verá. Uma coisa é certa: o mundo político atleticano e os interiores do clube continuarão em ebulição e o Galo vai continuar se equilibrando no fio da navalha. Coisas do Atlético.
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal FalaGalo.