Não ganhar dos caras de novo é uma m&rd@; mas Milito provou que o mínimo já é quase o suficiente para resgatar o Galo

Por Hugo Fralodeo
31 mar 2024 9:02
Acho que não fui o único a imaginar, durante 56 minutos, que o Galo aplicaria uma goleada categórica sobre o rival, lavaria a alma dos Atleticanos e Atleticanas e encaminharia o penta Mineiro. Até a última bola do jogo, meu sentimento ainda era de alívio e total animação. Não estou dizendo que tudo foi para o baralho naquele último lance infeliz, mas foi frustrante.
Em um parágrafo, já vimos que o sábado Alvinegro foi uma montanha-russa. Mas, se você quiser ser da turma que prefere ficar na curva baixa ou olhar lá de cima de pronta a cabeça, nem sobe no carrinho, porque daqui para baixo é só arriba. Falaremos só das coisas positivas.
Milito provou que, se ele – ou “qualquer” outro – fizer o mínimo com o elenco do Atlético, já será quase o suficiente. Antes de dizer que eu estou iludido ou otimista além da conta, reflita. Foram cinco dias de trabalho na Cidade do Galo, com seis treinamentos em campo, para que o time fizesse um primeiro tempo digno de aplausos e o êxtase estampado nos olhares de cada um dos torcedores que acompanhava o jogo.
Eu duvido que não tenha um momento que você pensou “esse é o Galo”. E não estava errado. Com cinco dias e um tempo de jogo, vimos mais do que foi apresentado nos primeiros 70 dias de temporada (contando a preparação) anteriores.
Não se valoriza quem diz ou aponta o óbvio simplesmente por ser óbvio. Vimos que o elenco do Atlético realmente é capaz de dominar os adversários, botá-los na roda, jogar em alta rotação o tempo (quase) todo, querer a bola, pressionar a marcação ainda no goleiro e, o mais importante, não precisar tomar um gol ou conseguir espaço no campo ao acaso para ser o protagonista do jogo.
Quem disse que se deve recuar depois de abrir o placar?! Você deve continuar batendo, nunca se mostrar satisfeito, colocar o oponente nas cordas, fazer com que ele abra o bico, encaixar mais e mais golpes, nocautear o mais rápido possível.
Eu sei quem lembrou ao Everson que ele é um dos melhores goleiros do país, ao Arana que ele é o melhor lateral-esquerdo brasileiro da atualidade, ao Paulinho que ele é o artilheiro do último Brasileirão, ao Hulk que ele é o melhor, mais decisivo e mais impactante jogador atuando no futebol nacional dos últimos três anos e aos demais que eles fazem parte de um dos três melhores elencos do Brasil.
Não estou dizendo que Milito não tenha cometido erros. Ele deveria ter trocado Lemos e Zaracho pelo menos 10 minutos mais cedo. O primeiro gol dos caras não foi por culpa de Jemerson, nem de Lemos e também não foi de Igor Gomes, pode botar na conta do Mariscal, que deveria ter previsto que o rival voltaria com ímpeto para tentar uma pressão inicial e instruir seus jogadores a esticar um pouco mais a saída e buscar a jogada mais segura. Porém, até nesses pontos tudo foi diferente. O Atlético errou tentando acertar e não por não saber o que fazer.
Quem disse que a coletiva pós-jogo não existe para se dar explicações do que deu certo ou errado e sobre o que foi tentado? Por que um treinador não pode jogar limpo e analisar o jogo como ele aconteceu? Qual o problema do treinador responder com paciência cada pergunta que foi feita, mesmo que tenha de ser repetitivo?
O que vimos foi o mínimo, em diversos sentidos, mas não ficou sombra de dúvida de que podemos esperar um novo Atlético daqui para frente. Um Atlético com vontade, com brio, com garra, competitivo, que ataque e defenda quando necessário, que sinta o jogo, que não se desespere, que pressione, incomode, que tenha orgulho e dê orgulho à Massa e nos represente. Acredito muito que veremos um Atlético chato em campo, não mais na beira dos gramados e na frente dos microfones.
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*Este texto é opinativo, de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal Fala Galo.