Eu sei que você torce o nariz (eu também), mas faz todo sentido o pedido de Coudet pela reintegração de Hyoran
Por: Hugo Fralodeo
Eu sei, Hyoran é um dos nomes que você mais criticou no passado recente do Atlético. Eu também sei que você sentiu uma pontada na barriga quando o FalaGalo informou que o meio-campista estaria de volta na reapresentação, na semana passada. Quando você soube que havia sido um pedido de Coudet, você “destorceu” um pouco o nariz, eu também sei. É justamente por isso que nós precisamos tirar o elefante da sala e falar sobre isso.
No início de fevereiro de 2021, Hyoran passava do patinho feio a um dos jogadores mais decisivos do elenco do Atlético – lembre-se, o Brasileirão de 2020 acabou em 2021 -, sendo adquirido em definitivo junto ao Palmeiras – a pedido de Sampaoli, bom destacar. Começou aquele campeonato mal, foi massacrado por nós, chegou a ficar fora de algumas relações, mas garantiu que trabalharia para superar o mau momento e a desconfiança da Massa.
Ele foi perseverante, trabalhou duro e conseguiu ser o principal jogador do Atlético no período que destaquei acima, participando diretamente de oito gols (seis gols e duas assistências) em 10 jogos, contribuindo em 12 dos 15 pontos do Galo dentro desse recorte. Porém, não seria loucura dizer que, em termos táticos, Hyoran, atuava ali da mesma forma que jogou boa parte do certame. A diferença foi ele ter trabalhado mais. Está aí a explicação do pedido de Coudet pela reintegração do meio-campista.
Hyoran sempre mostrou boa movimentação para apoiar, se associar, quebrar linhas, demonstrou também ter bom poder de recomposição e muita vontade, o que nem sempre é suficiente. A prova é clara: em seus piores momentos, ele era criticado por pecar quando tomava decisões, teve sua qualidade técnica questionada, mas ele sempre esteve lá, no lugar correto, no momento exato para decidir, sempre com a bola o procurando para definir as chances que por vezes desperdiçou e foi capaz de converter por um breve momento. Ele foi capaz de aprimorar seus fundamentos com muito trabalho na Cidade do Galo, mostrou personalidade se arriscando mais e pegando a bola na marca da cal quando seus companheiros andaram desperdiçando alguns penais.
Sempre que Hyoran entrou em campo nas mãos de Sampaoli, o cara se mostrou muito voluntarioso. Inclusive, fazendo boas partidas silenciosas, bem no momento em que muitos de seus companheiros sofreram com a COVID-19. Pós é, também foi Hyoran quem segurou a bronca quando Keno – principal nome da Era ‘Pelado’ – se lesionou. Hyoran jogou bem sem a bola, se movimentou, infiltrou, apoiou seus companheiros, foi capaz de pressionar logo após a perda, foi versátil, jogou em mais de uma posição e função. O problema sempre foi ele “apanhar da bola”, perder oportunidades claras e errar na hora das assistências e passes chave.
Resumindo, Coudet recolocou Hyoran na Cidade do Galo por um motivo primordial: como Chacho disse em sua primeira entrevista no comando do Atlético, “é trabalho”. Mais especificamente, Hyoran pode atuar em qualquer posição e desempenhar qualquer função designada aos meias da linha de 3 em seu 4-1-3-2, sempre com muita disposição, disciplina, vontade e aplicação. Hyoran é a síntese do aluno estudioso (nem sempre brilhante) que todo professor quer.
Muito trabalho e sorte a Coudet e a Hyoran. A nós, resta apenas torcer.