Professor, e nós, o que fazemos com esses números?!

Por: Hugo Fralodeo
A cada jogo do Atlético temos apenas duas certezas e uma quase certeza: passaram cola no Atlético quando atingiu a sétima posição do Brasileirão; como aquela música que você coloca no modo repetição, joguem “bem” ou jogue mal, Cuca usará os números da partida e a falta de bola na casinha para justificar resultado; geralmente o time vai jogar mal mesmo. Acontece que, por mais que a gente goste do músico/banda, uma hora esse loop, esse disco arranhado cansa.
Quando um dos verdadeiros poetas, Humberto Gessinger, em ‘Números’, cantou que – em interpretação -, ao passo que a humanidade ‘evolui’ mais se registra e acumula-se números, estatísticas, a corrida passa a ser por mais e mais, ele pode (ou não) ter feito a letra de caso pensado para que os ouvintes com o botão repeat emperrado, depois de decorar todos os números que ele cita, passasse a excluir tais números da letra, para então compreenderem o que o compositor queria mesmo dizer: sem tais números, vezes fica tudo, outras fica o nada (destruição).
O Atlético foi à Fortaleza, Cuca mexeu o doce, fez jogo pobre no primeiro tempo, Cuca remexeu o doce pro segundo tempo, então o Atlético ensaiou enriquecer um pouco o jogo, mas, apesar da posse de bola e do maior número de finalizações, os números do placar foram um 0 pra cada lado. Acredito que muitos Atleticanos, inclusive eu, terminamos a partida pensando “pelo menos não tomou aquele gol de falta do Otero e perdeu”.
Quem sabe, sabe, como dito no primeiro parágrafo, Cuca sentaria na sala de imprensa do Castelão e usaria dos tais números superiores, que não resultaram nos gols, pra explicar o resultado. Dito e feito. Porém, Cuca é Stival e do Paraná, não Gessinger, do Rio Grande do Sul. Ele realmente quer que prestemos atenção nos números, ele realmente acredita que o time jogou bem, por conta dos números. Números.
No 2022 do Atleticano, alguns números importam mais: 2 eliminações, 48 pontos na 33ª rodada, 14 rodadas na 7ª posição da tabela de classificação. O problema é que não podemos nos esquecer nem nos desfazer destes números. Infelizmente, na atual conjuntura, ao invés de contas para o título, fazemos contas por uma vaga na fase preliminar da Libertadores. Assim, desde que rebaixemos o Juventude na quinta e o Cuiabá na outra semana, além de novamente não perder para o São Paulo e também bater o Botafogo em mais um confronto direto (loucura!), um lugar entre os 8 (pois nem nossa namorada, a 7ª posição está garantida) deve se garantir.
A conta é essa: pontinho aqui, pontinho ali. O maior problema é que dependemos da turma que está contente pelo desempenho traduzido em números. Portanto, fica a retórica, também repetida, da canção de Gessinger:
“Mega, ultra, hyper, micro, baixas calorias, kilowatts, gigabytes”, posse de bola, passes, precisão de passe, finalizações, finalizações no alvo, expectativa de gols, escanteios, pontos ganhos, pontos perdidos, três pontos, um ponto, 0 ponto, sétima posição… “e eu, o que faço com esses números. Eu, o que faço com esses números?!”
“A medida de amar é amar sem medidas”, mas o Galo tá medindo muito esse nosso amor.
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do portal FalaGalo*
*Foto: Fernando Moreno/AGIF