O que mudou no Galo do Coudet?
Por: Vinícius Andrade
Espero que não me interpretem como soberbo e dono da verdade. Definitivamente, não é o intuito deste texto. Emitir opinião é estar sujeito ao erro. Mas se tem um princípio que carrego é de deixar o orgulho de lado e não ser irredutível com minhas convicções. Este também não é um texto do tipo “tá vendo, eu avisei”. Isso é chato pra caramba! O texto, portanto, é um convite à reflexão.
Mesmo jogando bem, o time foi muito criticado quando o resultado não era o esperado. Agora, o time vem de três vitórias consecutivas e o discurso é de que finalmente o treinador abriu mão de algumas convicções e até mudou o esquema tático. E não teve nada disso. A verdade é que a análise estava presa ao resultado.
Será que o time passou a jogar melhor porque o rodízio diminuiu? O Atlético fez dois bons jogos em sequência (Athletico, pelo Brasileiro, e Alianza, pela Libertadores) com formações bem distintas. Aqui o rodízio não foi um problema?
E sobre este assunto, vale uma reflexão: será mesmo que o Coudet não tem um time ideal? Eu creio que sim e a base está bem definida. Se ela existe, por que não repeti-la sempre? Para quem exige intensidade e tem como premissa um jogo extremamente físico, é indispensável que os atletas estejam inteiros ou próximos de sua máxima capacidade física. E para isso, é preciso preservar e respeitar a ciência que indica desgaste e risco de lesões. Ou seja, rodar o elenco em um calendário cruel é inevitável.
O Atlético está conseguindo vencer porque mudou o esquema tático? Não! O Atlético tem como base o 4-1-3-2 e ataca no 3-1-4-2, independente das peças. O que muda são as características de cada jogador. Com o Pavón o time fica mais agudo porque ele tem o perfil de um ponta e é muito forte nos duelos individuais, diferente do Saravia, por exemplo. O Atlético não está jogando no 4-3-3, como se fosse a única formatação que combinasse com o Galo.
Nem sempre conseguimos, mas analisar futebol é bem diferente de analisar resultado. Precisamos fundamentar nossas opiniões. O maior desafio é ser profundo na análise sem perder a simplicidade da linguagem.