Galo na Copa: 2002, Gilberto Silva, o menino de Lagoa da Prata que topou conquistar o mundo
Por: Guilherme Veloso
Nos idos dos anos 2000, o mundo vivia uma virada incrível, saudávamos a era da tecnologia que se iniciava. A televisão, mais popular que nunca, se tornara item básico dos lares do povo brasileiro. E foi logo nessa época, que um mineirinho, tímido, formado na base do América, tomou a decisão mais acertada de sua vida. Vestiu o Manto Sagrado, colocou a peita e ocupou a faixa do meio de campo.
Em 2001, fez uma temporada brilhante, saindo da posição de zagueiro e firmando-se no meio campo. Volante daqueles que parecia onipresente na faixa central do gramado, sem deixar rastro, ou os jogadores adversários saberem o que os havia atropelado, fez três gols no Mineiro, terminando o campeonato como revelação. Também pudera, e aqui faço um testemunhal: jogou num dos times mais brilhantes que vi. Um Galo que jogava hora por música, hora pelos embalos da torcida. Velloso, Cicinho (Baier, o imortal, de reserva), Álvaro, Marcelo Djian, Ronildo, Gilberto Silva, Djair, Valdo, Ramon, Guilherme e Marques.
Pro Atleticano mais novo, esse foi o time que perdeu para a tempestade, mesmo toda a torcida vibrando e torcendo contra o vento, em São Caetano, o mundo desabou em chuva, e esse time que encantou o país, ficou numa semi de um Brasileirão. Mas como havíamos comentado lá atrás, esse futebol e a popularização da televisão, permitiram que todos vissem, aquele menino de poucas palavras e cara séria, lá de Lagoa da Prata, tornar um gigante da posição. Já em 2001, Felipão convocou-o pela primeira vez, para defender as cores da Seleção.
Em 2002, ano de Copa do Mundo, o então jogador do Galo foi convocado, e por um acaso do destino, ou pelas escolhas dos deuses do futebol, ocupou a vaga de titular do também volante Emerson, que se machucara num treino preparatório. Entrou, jogou, foi à final, e com a inabalável certeza da força da torcida brasileira, e ainda mais a Atleticana, levantou a taça da Copa! Um orgulho pra Minas, e pra torcida do Atlético, que via no jovem o orgulho e o DNA do Galo!
Jogou de forma brilhante, uma verdadeira sombra em campo! Jogador discreto, que o narrador não precisa a toda hora lembrar seu nome, ou ficar perguntando ao comentarista se este tem feito um bom jogo, ou não. Sempre na medida certa, sempre permitindo que os outros aparecessem.
E talvez tenha sido esse um dos motivos que o time do Arsenal resolvesse levar o nosso volante para fazer parte da história nos campos londrinos. Ídolo eterno do time dos Gunners, jogou e ganhou por lá. Finalista de Champions, campeão do Inglesão, guardou no bolso o que hoje são considerado craques mundiais, como Cristiano Ronaldo e Messi.
Quatro anos se passaram e novamente veio uma Copa. Já jogador da elite do futebol europeu, foi convocado para ser o pitbull do quadrado mágico. Não deu certo, caímos pra França e seu futebol também caiu.… Logo em 2008, deixou o Inglesão e foi pra Grécia tentar recuperar seu melhor futebol. Deu certo? Não! Mas, ainda assim, acima da média, Gilberto foi convocado em 2010 e, mais uma vez, amargou uma eliminação precoce, dessa vez para a Holanda de Sneijder.
Mas, como todo bom mineiro, todo bom Galo Doido, a volta por cima e a persistência são características que permeiam nossa carga genética. Era 2013, o ano que o Galo e o menino de Lagoa da Prata se reencontraram. Desse reencontro tudo caminhou para culminar no titulo mais importante de nossa história, a imortal Libertadores. Há quem conte que sua participação, não só em campo, foi decisiva. Dentro do vestiário, na final, há quem diga que ele, o nosso já pentacampeão, mudou o astral, resgatando o espirito aguerrido e lutador do nosso Galo!
Gilberto Silva é um dos mais importantes nomes que vestiram a nossa camisa e a canarinha. Gilberto é um daqueles que ficarão eternizados na retina do povo brasileiro, e no coração de seu povo preto e branco.