Na ponta do lápis e na balança do custo-benefício, Atlético comprar Pedrinho faz sentido?
Por Hugo Fralodeo
Segundo conta Will Dantas, empresário do meia-atacante Pedrinho, o Atlético, que tem vínculo de empréstimo com o jogador de 25 anos válido até o final de junho, teria manifestado o interesse de enviar uma proposta de compra ao Shakhtar Donetsk.
Dantas, indo além, revelou que os ucranianos desejam romper o contrato de cessão ao Alvinegro ainda em janeiro, quando a janela de transferências de inverno estará aberta, e levar o meia-atacante de volta ao leste europeu, prometendo, inclusive, uma renovação com um aumento salarial do contrato que se encerra na metade de 2026.
Pois bem, o Shakhtar olha o lado dele, nós temos de ver o lado do Galo. Colocando na ponta do lápis, na balança do custo/benefício, ali, no cheiro da grama, no frigir dos ovos, dispor uma grana – que nem sabemos quanto seria, mas lembremos que ele foi adquirido por 18 milhões de euros – nesse caso valeria mesmo a pena para o Galo?
A resposta mais curta é, não.
Pedrinho desembarcou na Cidade do Galo em julho de 2022, estreou em agosto, sofreu lesão muscular no seu sétimo jogo e perdeu o restante do ano. Participou da pré-temporada em 2023, começou o ano jogando, sofreu a mesmíssima lesão, voltou a jogar, teve algumas chances, perdeu espaço e viu do banco Igor Gomes e Zaracho, que, teoricamente, disputam seu lugar no campo, se consolidarem como as primeiras opções para Felipão.
Em números frios, Pedrinho participou de 51% dos jogos do Atlético na temporada, 34 de 66. Considerando as 11 ocasiões em que foi para o banco e não entrou na partida, significa dizer que o meia-atacante esteve disponível para 68% dos jogos. Falando em minutos, foram 1.592, somente 26,8% dos 5.940 disputados pelo Galo em 2023. Trazendo a minutagem para partidas completas, seriam 17.
Extrapolando o recorte para todo o seu período na Cidade do Galo, nos 18 meses (julho de 2022 a dezembro de 2023) em que Pedrinho está sob contrato, ele passou dois em férias, um em preparação física enquanto não era liberado para atuar, um em pré-temporada, oito disponível para os treinadores e os outros seis lesionado.
Sim, Pedrinho passou 124 dias, seis meses, no departamento médico, ficando disponível para apenas 53 partidas das 87 do calendário do Alvinegro desde que foi contratado, o que reapresenta 60%.
Comparando os números de Pedrinho com os de seus companheiros de setor, a disparidade vem à tona: Zaracho, Edenílson, Igor Gomes, Patrick e Hyoran, todos eles fizeram mais jogos do que Pedrinho na atual temporada. A comparação fica ainda mais difícil para o meia canhoto quando observamos que Ed, Igor e Patrick chegaram ao Atlético neste ano, tendo seis meses a menos de casa, e acumulam mais jogos do que Pedrinho soma nos dois anos. Hyoran, que passou os quatro últimos meses da temporada sem atuar, jogou mais do que Pedrinho.
Óbvio, a culpa de se lesionar – no caso de uma lesão muscular – não é do jogador, mas disponibilidade é uma qualidade, e cabe ao clube analisar o histórico. Não há dados relevantes sobre seu período no Corinthians, clube pelo qual foi revelado e atuou por três anos. Contudo, há relatos de ao menos uma lesão no quadril e outra muscular sofridas no Parque São Jorge.
Nos dois anos que atuou na Europa, por Benfica e Shakhtar, segundo dados do site transfermakt, foram 73 dias como desfalque por lesão. Relativamente, não são números alarmantes, é verdade, mas a pouca quantidade de jogos que fez no Velho Continente é um fato: foram apenas 50 jogos, cinco gols e sete assistências em duas temporadas.
Ricardo Guimarães, investidor, antes da renovação do contrato de empréstimo, considerou que, por conta das lesões, a relação custo-benefício acabou alta, mas ponderou que Pedrinho poderia ser útil ao Atlético. Rodrigo Caetano, por sua vez, também antes da extensão do vínculo, revelou que não mediria esforços para manter o jogador na Cidade do Galo. Isso no último mês de maio. E agora, quando temos os dados de 34 jogos e três assistências?
Na minha humilde opinião, se o Clube tem dinheiro para investir, pode olhar para outros nomes e posições, inclusive. Fechando a meia-cancha com o craque do Brasileirão de 2022 então….
É injusto falar sobre dinheiro, por isso não falei em salários, não faço contas com o dinheiro dos outros, mas, se o discurso é “para chegarem três precisam sair três”, “precisamos seguir o orçamento como lei”, cortes precisam ser feitos. Alguém tem que rodar, que rode quem está rendendo menos.
Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal Fala Galo.