MLS anuncia medidas para coibir ‘cera’ de jogadores; futebol brasileiro – incluindo o Atlético – deveria prestar atenção (Everson, não pega pilha)

Por Hugo Fralodeo
Na última sexta-feira (15), o Conselho de Gestão da Major League Soccer (MLS), liga de futebol dos Estados Unidos, anunciou a implantação de medidas para inibir a perda de tempo, a famosa ‘cera’ dos jogadores nas partidas da competição.
A partir da próxima temporada, em 2024, jogadores que forem ao chão por conta de possível lesão, deverão permanecer ao menos 2 minutos fora do campo, exceto no caso de goleiros, nos casos de lesões graves ou na cabeça e após faltas em que um cartão seja aplicado. Além disso, um jogador substituído terá 10 segundos para deixar o campo, ou o substituto terá de esperar ao menos 60 segundos para entrar no campo, deixando seu time com um a menos até o jogo parar novamente.
As chamadas ‘iniciativas de competitividade’ foram testadas nos últimos dois anos na MLS Next Pro, a liga de desenvolvimento, sendo implementadas na liga principal após o sucesso apontado pelos relatórios do conselho, garantindo que tais medidas “maximizam o tempo efetivo da partida” e “priorizam a saúde e a segurança dos jogadores, evoluindo o jogo e ao mesmo tempo mantendo a integridade da competição”.
“Mas, Hugão, eu nem assisto à MLS. No máximo, um lance ou outro do Messi, às vezes vejo o Fala Galo repercutir alguma notícia envolvendo o Savarino. Mas, o mais importante, como isso afeta o Atlético?” Que bom que perguntou, padawan. Eu também não assisto MLS, vi alguns jogos do 10 argentino, é verdade, mas era o que tinha para ver o gênio…. Afeta o Galo em dois pontos: 1º – eu, você que se interessou em clicar neste texto e mais uma pá de gente estamos de saco cheio desses jogos picados no Brasil; 2º – o International Board, conselho que ‘brinca’ com as regras do futebol, está sempre de olho no que pode representar o progresso do esporte, inclusive, testando novas regras nas copas mundiais interclubes e torneios de categorias de base, como o protocolo para concussão, recém-implantado.
Coibindo a cera, a bola rola mais, o jogo flui melhor, jogadores tendem a ficar menos nervosos, a ter menos tempo para reclamar com a equipe de arbitragem, estar mais concentrados no que interessa: a pelota correr e jogá-la. Vai me dizer que você nunca se irritou com o Everson, que tem fama de pelinha, sendo, inclusive, alvo de chacota nas redes após aquela derrota para o Flamengo no Independência, por exemplo? Ou você não ficou p’ da vida quando Hulk foi amarelado e suspenso para o jogo diante do Botafogo, pelo total desconhecimento da regra ao atravessar todo o campo para deixar o jogo contra o Athletico-PR?
O ideal seria que os jogadores fossem educados “por bem”, mas a gente sabe como as coisas funcionam. “Mas, ô Hugão, deixa de ser chato, cara, o futebol brasileiro sempre foi assim e sempre vai ser. Tenho certeza que quando o Galo ganha, você não liga!” Eu ligo, justamente porque o futebol tem mostrado que cada segundo de bola rolando importa. Ou se esqueceu que Everson demorou aquela cota quando agente tava ganhando de 1 a 0, o Flamengo foi lá e virou, e a gente e o Everson lá com cara de c? Aliás, se você não acha um saco quando a bola é recuada para o goleiro do time com a vantagem, o bacana vem trazendo ela para a linha lateral da grande área e espera o atacante adversário correr até ele para pegar com as mãos, você é um ser evoluído, e eu tiro meu chapéu.
Enquanto 31 minutos e meio do tempo dos jogos do Brasileirão forem gastos com a demora em cobranças de falta, laterais e escanteios, nas mãos dos goleiros e com as “lesões fantasmas” que levam os jogadores ao chão, voltamos ao início do ciclo vicioso: os próprios jogadores ficarão mais irritados, terão mais tempo para reclamar com a equipe de arbitragem, desfalcarão o time, e o Atlético, um time extremamente técnico, terá dificuldade em produzir, construir ou reverter resultados. O tiro, como vimos, algumas vezes sai pela culatra.
Estadunidense não sabe fazer futebol. Para falar a verdade nua e crua, a MLS é quase uma piada, o nível técnico é ruim. Mas de uma coisa eles sabem, aliás, dominam: vender o produto. Se faltam argumentos para te convencer que o fim da cera é uma coisa boa, aí vai o maior argumento possível, principalmente para os clubes: quanto mais a bola rola (não em quantidade de jogos, como pensam), mais grana nos cofres. Veja o combate à simulação e à falta de fair play na Premier League.
Óbvio, como em todos os departamentos, temos problemas muito maiores a serem combatidos. Mas a gente deve começar melhorando o que podemos, certo?
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal Fala Galo.