E não é que o Galão da massa “coisou” de novo!!!

Por Max Pereira @MaxGuaramax2012
“AI CREDO! O GALO GANHOU DE NOVO!!!” A vitória atleticana diante do Internacional, como não podia ser diferente, foi saborosa e está sendo curtida de forma explícita e bastante particular pelo torcedor atleticano. Ufanista por excelência e vivendo seus momentos de otimismo ilimitado, o galista já vê o seu time disputando o título deste Brasileirão.
Aliás, ufanismo tem tudo a ver com a atleticanidade. Vicente Mota, atleticano de raiz e DNA, cantou, com extrema felicidade este sentimento no belíssimo e emblemático hino que compôs: SOMOS O ORGULHO DO ESPORTE NACIONAL. Pertencimento e sentimento. Tudo junto na mesma estrofe.
Se a vaidade tem a ver com o que queremos que os outros pensem de nós, o orgulho está mais relacionado à opinião que temos de nós mesmos, à autopercepção. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa, e é preciso destacar que nem sempre o orgulho é ruim. O Homem é essencialmente um animal narcísico – que se admira e precisa ser admirado. A sua qualidade é o orgulho; o seu defeito a vaidade.
Mas, esta overdose de sentimentos embriagadores e gostosos de serem experimentados que as vitórias produzem, pode levar quem os vivencia a se perder em diagnósticos fora da realidade e, portanto, a cometer erros muitas vezes insanáveis. E não apenas os torcedores, passionais e irreflexivos em sua grande maioria, são presas desses sentimentos que uma vitória do tipo desta conquistada diante do Colorado Gaúcho faz surgir e inebriar a razão de quem os experimenta.
Dirigentes, treinadores, jogadores, funcionários e formadores de opinião também não estão imunes às armadilhas que a vaidade arma e leva a fracassos de forma implacável. Assim como cada ser humano é um ser único no cosmos, as percepções sobre um jogo, um gol, contra ou a favor, um esquema tático, uma jogada, uma atuação, boa ou ruim, uma falha e até mesmo sobre um erro do árbitro ou do VAR são tantas quantos são os observadores. Cada um tem a sua.
O Galo ganhou e todos os alvinegros querem que ele continue ganhando. Perder faz parte, mas buscar perenizar as vitórias é obrigação e é seguramente o maior desafio de qualquer clube. E na busca do melhor diagnóstico dos problemas que teimam acontecer e das soluções mais indicadas para as correções de rota e para os ajustes necessários, quase sempre ninguém além cada “analista” ou dublê de especialista tem razão.
O ser humano é assim desde tempos imemoriais: dono da verdade, imodesto, passional e cativo de seu próprio umbigo. Nestes tempos de extrema radicalização a intolerância ao diferente vem atingindo níveis absurdos e incontornáveis.
O atleticano em particular, conhecido por sua paixão ímpar e imensurável, é, por sua vez, também dono da verdade absoluta sobre o time, o clube e até sobre a vida dos jogadores. Por outro lado, a vaidade, defeito intrínseco de qualquer ser humano, tem sido o calcanhar de Aquiles do trabalho de vários treinadores e de outro tanto de dirigentes ao longo dos tempos. Na história do Atlético, então… .
Desnecessário explicar porque a relação clube/empresa fica terrivelmente afetada por todos estes fatores, o que acarreta juízos de valor equivocados e claramente injustos. Mas, o que certo para uns é errado para outros e o que é injusto para mim não é para vc. E quem tem razão? Dizem que o coração tem razões que a própria razão desconhece. E o apaixonado e passional coração atleticano tem sempre razão?
Independentemente da clara e inegável evolução do time atleticano que vem adquirindo uma consistência defensiva bastante interessante e que já começa a mostrar que pode alcançar uma capacidade de definição ofensiva também importante, o jeito Felipão de jogar não agrada a uma parcela significativa da Massa atleticana, em especial aos amantes do futebol plástico, envolvente e fluido, para quem Scolari quase sempre nunca tem razão.
Sou daqueles a quem os times de Felipão nunca encheram os olhos. Reconheço, porém, tratar-se de um treinador experiente e que o Atlético, sob o seu comando, pode e deve fazer até o fim do ano uma campanha sóbria que pode garantir ao clube uma vaga na próxima Libertadores. Assim, sou contra a demissão do treinador agora, sugerida e desejada por alguns. Para 2024 a avaliação é outra e a continuidade ou não do técnico é assunto para outro ensaio.
O jogador de futebol, por sua vez, é o único profissional que tem o seu trabalho cruelmente avaliado por milhões e milhões de pessoas que incrivelmente têm literalmente o poder tirânico e implacável de acabar com a sua carreira. Não, não falo especificamente dos recorrentes xingamentos e, claro, nem tampouco de críticas normais, mas dos cada vez mais frequentes e covardes linchamentos. No caso daqueles que emprestam ao Atlético o seu talento e o seu trabalho os infernos astrais são indesejavelmente frequentes e quase sempre mal geridos pelo clube.
Para que o Galo continue causando e “COISANDO” e a Massa continue gritando “E O GALO? O GALO GANHOU!”, é preciso trabalhar algumas questões dentro e fora do clube, dentro e fora do campo. Não à atoa o atleticano sentiu desde sempre e se nutriu da consciência do nosso próprio mérito, do que era e significava o Atlético para si e da dimensão desse clube, gigante por natureza, sem nunca se preocupar com que os outros pensavam ou achavam.
Somos Atlético, somos ORGULHO do esporte nacional e temos ORGULHO de ser atleticanos. Enquanto Felipão deve fazer a sua parte, além de jogar junto com o time nas arquibancadas da Arena e em qualquer estádio que o Galo for atuar, o que faz como ninguém, é missão do atleticano aprender a participar da vida do clube fora das quatro linhas. E como fazer isso? Vigiando, cobrando com inteligência e exigindo que o clube, como associação originária da SAF, tenha seus direitos, propriedades culturais e história preservamos e protegidos nesta nova fase de sua vida.
E, enquanto Felipão deve fazer os ajustes necessários para que o time continue evoluindo neste Brasileirão, os homens que estão à frente dos destinos do clube têm que fazer a sua parte, ou seja, cuidar do jogo dos bastidores, cuidar e polir possíveis arestas na relação clube/torcida, cuidar para que o ambiente interno não se deteriore, cumprir seus compromissos e prover para que a Massa em sua essência histórica transforme a Arena em um caldeirão de uma vez por todas.
E aí, O GALÃO DA MASSA VAI CONTINUAR “COISANDO” DE NOVO? Depende de vc, de mim, de nós, de todos os atleticanos de dentro e de fora do clube.
FOTO: PEDRO SOUZA – AGÊNCIA CLUBE ATLÉTICO MINEIRO