Economista endossa discurso do presidente e aponta SAF como solução para o Atlético
Por: Hugo Fralodeo
No início da semana, o presidente Sérgio Coelho declarou, em entrevista no programa ‘Mesa Redonda’, da rádio Itatiaia, que a SAF “é um caminho sem volta e vai ser a solução para os problemas financeiros do Atlético”.
Realmente, é fato estabelecido que a situação financeira do Atletico é um problema histórico no clube e a dívida – que já atingiu a casa do bilhão de reais -, é a principal preocupação da diretoria administrativa e do órgão colegiado que ajuda na gestão do clube.
Também nesta semana, foi noticiada a busca do Atlético por R$ 240 milhões em CRI, depois do clube já ter antecipado R$ 200 milhões, em dezembro de 2021, com a finalidade de concluir as obras da Arena MRV. Além disso, o clube teve que recorrer a empréstimos bancários neste ano de 2022, para que o dia a dia do clube fosse tocado. Como se não bastasse, nas últimas semanas, membros da diretoria vêm batendo na tecla que o Atlético ainda precisa alcançar a meta de R$ 140 milhões em vendas de jogadores, o que ficou ainda mais urgente, devido ao insucesso esportivo no ano, que levou o Atlético a eliminações inesperadas nas Copas Libertadores e do Brasil, além da baixa chance de sonhar com o título Brasileiro.
Para tentar controlar as dívidas de curto prazo, as onerosas, no último dia 2 de agosto, o Atlético vendeu os 49,9% de participação restante do shopping Diamond Mall à Multiplan e ainda aguarda o encerramento do processo de conclusão, para receber os R$ 340 milhões (R$ 136 milhões à vista e R$ 204 em 12 parcelas mensais), que serão fundamentais no plano da diretoria para a redução de dívidas até 2026.
Como dito pelo presidente, a transformação do Atlético em SAF, o que já está sendo planejado, seria mesmo a salvação do clube. Ao encontro do que discursam o presidente Sérgio Coelho e o CEO Bruno Muzzi, o economista César Grafietti, consultor de Gestão e Finanças do Esporte e sócio da consultoria Convocados, que concedeu entrevista ao jornal O Tempo, também enxerga a Sociedade Anônima do Futebol como o único caminho para que o Atlético seja saudável financeiramente e se livre das dívidas.
O economista contextualiza a situação e faz o paralelo entre o sucesso esportivo que o Galo teve em 2021 e o ano ruim de 2022:
“Ano passado o time foi bem no Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores, fez um bom dinheiro. Isso acabou compensando os gastos que foram feitos durante o ano. Em 2022, o clube não foi bem e certamente vai passar por desafios grandes. Porque as dívidas crescem, o nível de receita será menor, a quantidade de vendas de atletas será menor. O mercado demanda sempre atletas jovens. O clube tem uma quantidade de atletas com idade que o mercado demanda menos”.
Ele também cita a capitalização de receitas para a conclusão das obras da Arena:
“E para piorar tem toda essa história em relação à Arena. O clube vendia a ideia que fazia tudo com recurso próprio, então, se viu obrigado a se endividar para terminar as obras. E se endivida tirando receitas do clube, pelo que eu vi, tem comprometimento de receitas de bilheterias, sócio-torcedor, enfim. O clube perde receitas futuras”.
No meio de tudo isso, César fala sobre a venda do restante do Diamond Mall:
“Resta ao clube pouca margem de manobra para conseguir resolver os seus problemas. Vendeu a segunda parte que tinha do shopping pensando em reduzir dívidas, mas só o que as dívidas aumentaram esse ano, já deve consumir boa parte disso. Então, no melhor cenário para o final de ano, sem considerar dívidas do estádio, o clube tende a ficar com a dívida, no mínimo, igual ao ano passado, em torno de R$ 1,3 bilhão”.
Então, Grafietti aponta a transformação do clube em SAF como uma “necessidade”:
“A transformação em SAF hoje virou quase como necessidade. Caso contrário fica quase impossível resolver os problemas de endividamento do clube. E ela fica necessária e pior, por mais que o clube tenha valor, ele será usado para diminuir a dívida. A gente está falando de dívida de R$ 1,3 bilhão. Com uma receita de R$ 350 milhões. Hoje é necessário, por conta desse imbróglio que se tornou as dívidas do clube, a trasnformação em SAF para equacionar as dívidas do clube”.