Dizem que Papai Noel é atleticano

Por Max Pereira
JINGLE BELLS. JINGLE BELLS. Tocam os sinos. Tocam os sinos. Apesar do forte apelo comercial e do momento particularmente tenso e turbulento que vem sacudindo o planeta neste início de século a noite de natal ainda é vista por muitos e, pasmem, não apenas por cristãos, como um hiato maravilhoso, necessário e ímpar não só de confraternização, mas e, principalmente, de muita reflexão.
Enquanto uma guerra sangrenta continua devastando uma região do leste europeu, uma Copa do Mundo, particularmente diferente e curiosa, pela primeira vez disputada nesta época do ano e em solo asiático, mais precisamente em terras da Ásia Continental que se estendem até o norte do Golfo Pérsico, chegava ao fim com uma seleção sul-americana trazendo o título novamente para o chamado novo continente.
A conquista da Argentina e de seu maior ídolo da atualidade depois de um início catastrófico, as zebras que pintaram em Doha, a campanha histórica e, até então, totalmente insuspeita de Marrocos, que levou pela vez primeira uma seleção africana a uma semifinal de Copa do Mundo, a superfinal entre os hermanos e os franceses, a explosão sanguínea e apaixonada da torcida portenha após a conversão do pênalti que sacramentou o titulo, o gesto desafiador e ousado do argentino Emiliano Martínez, o Dibu, ao receber o troféu de melhor goleiro da Copa do Catar, a honraria conferida pelos anfitriões a Messi, eleito o melhor jogador da competição, ao cobri-lo com aquelas vestes, e o concomitante lançamento pela Netflix do documentário “Escândalos da FIFA”, compõem um mosaico curioso e, ao mesmo tempo, bastante explicativo da importância, da extensão e da complexidade de um fenômeno econômico-político-social chamado futebol, hoje definitivamente o maior de todo o mundo.
Aqui nas Gerais, o Glorioso Galo Forte Vingador, por sua vez e, não obstante, a bola ter parado nos gramados tupiniquins para as equipes principais, restando alguma movimentação nas categorias de base que, nesta época do ano, sempre se mantêm ativas seja disputando torneios que já vão se tornando tradicionais, como a Copa São Paulo, seja finalizando as competições oficiais da temporada que se encerra, chega ao fim desse ano de 2022 mais turbulento e sacudido do que nunca.
JINGLE BELLS. JINGLE BELLS. Tocam os sinos. Tocam os sinos. Dizem que Deus é brasileiro e atleticano. Pelo menos para o galista apaixonado isso é uma verdade incontestável e até provada ao longo destes quase 115 anos de existência do Galo mais famoso e querido do planeta. Dito isso, eu posso provar que Papai Noel é também atleticano. E não poderia ser diferente. O grande Mário de Assis meu amigo e irmão de infância, afilhado de meus saudosos pais e membro da emblemática família Assis, um clã de 12 irmãos tingidos de preto e branco, é o Papai Noel oficial de Belo Horizonte há mais de 30 anos. Claro, na Cidade do Galo o papai Noel tinha que ser atleticano.
JINGLE BELLS. JINGLE BELLS. Tocam os sinos. Tocam os sinos. Dizem que Papai Noel é atleticano e eu sei que ele é mesmo. Assim, neste momento em que o mundo continua sendo sacudido pelas eternas questões geopolíticas que permeiam as relações bi e multilaterais entre os mais diversos países, em que o Brasil vive uma transição de governo impar na sua história e no qual o futebol mostra a sua força, aproveito esse clima de natal para exortar a quem este artigo possa alcançar, independentemente de sua fé, origem, etnia, sexo, orientação sexual, religião, classe social, formação erudita e paixão clubística a refletir sobre tudo o que aconteceu e está acontecendo nesse curioso e efervescente 2022 e sobre o que podemos fazer cada um de nós, dentro de nossas limitações e alcance, para que tenhamos todos nós, enquanto nação e humanidade, um 2023 efetivamente venturoso.
E, por fim, exorto a você atleticano, dirigente, conselheiro, funcionário, atleta e torcedor, a refletir sobre tudo o que aconteceu e vem acontecendo com o Atlético neste ano de 2022 e sobre tudo que você pode fazer, dentro de suas limitações e alcance, para que o Glorioso enfrente da melhor maneira possível, e, com altivez, clarividência e segurança, todos os desafios que o aguardam em 2023.
JINGLE BELLS. JINGLE BELLS. Tocam os sinos. Tocam os sinos. Dizem que Papai Noel é atleticano e eu sei que ele é mesmo. E que a figura emblemática do Papai Noel inspire a todos nós e nos traga o maior presente que alguém poderia desejar: amor, empatia, felicidade e plena e inesgotável capacidade sempre de conjugar o verbo esperançar, fazendo sempre por onde alcançar aquilo que desejamos. Um feliz natal.
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*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, o pensamento do portal FalaGalo.