8 ou 80! Um carma Atleticano? Maldição? Sina?

Por Max Pereira @MaxGuaramax2012
Um time passivo, letárgico, sem atitude, sem energia. Foi o que se viu do Atlético neste último domingo na Arena MRV. A mesma escalação usada contra o Palmeiras não funcionou, particularmente nos quesitos inspiração, intensidade, volúpia, contundência. 8 ou 80! Um carma atleticano? Maldição? Sina?
Ainda que não existam um jogo e um adversário iguais aos outros, a diferença abismal de postura e de atitude de um jogo para o outro suscitou um sem número de críticas e de teorias da conspiração. A bem da justiça, dois jogadores merecem destaque. Um positivo, outro negativo. Everson, foi a exceção à regra, fazendo um bom jogo diante do Porco e do rival azul. Arana, que destoou negativamente diante do Palmeiras, votou a jogar mal contra o time da Toca. Estranhamente, irreconhecível depois desta passagem pela seleção brasileira.
Apesar da superioridade numérica no meio de campo, flagrante em vários momentos da partida, o Atlético nunca conseguiu se impor. O 0 x 0, placar do primeiro tempo, ficou de bom tamanho para o Atlético que, na primeira metade do jogo, não fez por merecer um resultado melhor.
E o Atlético conseguiu ser ainda muito pior na etapa complementar. A derrota foi justa e merecida. Aqui faz-se necessário dizer que os deméritos e os problemas atleticanos que são muitos e mais do que evidentes, não podem e nem devem esconder os méritos azuis, vez que, apesar de limitado, o time rival teve brio, vontade, espírito de competitividade e um brilho especial nos olhos de cada jogador, ou seja, tudo o que faltou ao time atleticano.
Qualquer análise individual perde o sentido, vez que uma atuação coletiva tão pífia, tão passiva, sem nenhuma intensidade e energia, sem conseguir construir nada de realmente efetivo, sugere, melhor, indica que o Atlético continua em seus interiores mergulhado em problemas bastante graves. Definitivamente, tem algo de muito estranho intramuros do Atlético.
Reduzir a péssima atuação do time atleticano a tão somente uma propalada deficiência técnica da maioria dos jogadores atleticanos, o que faria o time depender quase sempre da individualidade e da criatividade fortuita de alguém, i.e., da causalidade, a meu ver, conduz a uma análise rasa, vez que não foca problemas de fundo, claramente visíveis.
O jogo feito por este mesmo time diante do Palmeiras desmente esta tese. Aliás, a individualidade, criatividade e a causalidade são inerentes ao futebol. E são exatamente os fatores que o tornam o esporte mais fascinante e mais popular do planeta.
O que se viu diante do time azul foi uma passividade coletiva tão absurda que, a favor do Atlético, não deu lugar ao imponderável, indicando a necessidade premente de se atacar as causas que certamente extrapolam as quatro linhas. Se cabe ao clube agir internamente, cabe ao torcedor vigiar, cobrar e exigir soluções.
Existem problemas no reino atleticano que estão na raiz disso. Hulk desabafou depois do jogo reconhecendo esta passividade. O atacante e artilheiro alvinegro disse, com todas as letras, que o time entrou em campo, não jogou e só assistiu o rival jogar. Só não disse o porquê dessa passividade. Após a derrota ridícula diante do Coxa, ele se recusou a dar entrevista, dizendo que não poderia falar o que gostaria. E o que será que Hulk gostaria de ter dito e preferiu se calar? Seriam as razões dessa irregularidade doentia que leva o time a entrar em campo e se recusar a jogar?
E tome teoria da conspiração. Foram inevitáveis as comparações com os lamentáveis e estranhos 6 x 1 de 2011, registrados na Arena do Jacaré. “A entregada mais vergonhosa da história do Atlético. Uma vergonha. É os 6 x 1 se repetindo”, protestaram muitos torcedores.
A infeliz entrevista do diretor André Lamounier dias antes do jogo foi apontada, por outros tantos, como uma das causas de tudo de ruim que aconteceu dentro de campo. Particularmente, considero a fala de Lamounier, apesar de desnecessária e bastante lastimável, de pouca ou nenhuma importância diante da gravidade dos problemas atleticanos.
“Ah! Mas, Lamounier acabou dando combustível ao adversário que utilizou sua fala na palestra de motivação”. Se o Atlético não tivesse os problemas que tem, por mais motivados que os cruzeirenses entrassem em campo, o jogo e o resultado certamente seriam outros. Repito: o importante é investigar o que há por trás da passividade e da letargia do time do Atlético.
Jemerson, como não poderia ser diferente é a nova bruxa a ser caçada. Uma bruxa que, devido às suas péssimos e recorrentes más atuações, é praticamente indefensável. Aqui, entretanto, aproveito para repulsar os exageros e as agressões virulentas dirigidas a ele, infelizmente tão comuns nestes momentos.
O zagueiro atleticano, inclusive, me dá a oportunidade de dizer que, ao contrário do que muitos possam imaginar, entendo que todos os jogadores, independentemente de status, salário e carreira, devem ser cobrados proporcionalmente às suas responsabilidades, o que implica dizer que os demais possíveis atores que, direta ou indiretamente, atuam na gestão e no dia a dia do futebol do clube também não podem e nem devem ser esquecidos, porquanto é induvidoso que as causas de tudo de ruim que vem acontecendo, dentro e fora do campo, são complexas e sistêmicas.
E o saldo negativo, sem nenhuma surpresa, foi além do que ocorreu no jogo. As depredações eram esperadas. O curioso é que o dirigente atleticano que falou a respeito se limitou a apontar um prejuízo enorme e, até onde vi e ouvi, não mencionou em momento algum que o Atlético vai cobrar do rival, o que seria natural e óbvio.
E pasmem: a SAF azul, ao contrário, fala na possibilidade do Atlético ser acionado na justiça por danos morais aos seus torcedores que teriam sido mal recebidos. O que ficou claro em tudo isso, é que a preparação e o planejamento para este primeiro clássico na Arena deixaram muito a desejar.
O corolário de tudo foi a cena patética de um jogador do rival depois do jogo, simulando jogar milho no gramado da Arena. Ah! Parabéns ao jovem goleiro Matheus Mendes, único atleta a mostrar que tinha sangue nas veias e capacidade de se indignar diante de tamanho desrespeito.
Meus saudosos pais diziam que quem muito se abaixa mostra o rabo. Ver o Atlético tão moralmente derrotado, achincalhado e desrespeitado, além dos graves prejuízos materiais e financeiros causados à Arena, é terrível. Maldição? Carma? Sina?
TEXTO OPINATIVO, DE TOTAL RESPONSABILIDADE DO AUTOR.