28 de setembro – Nesse dia de Galo, nascia um treinador lendário, Yustrich o “Homão” que mudou a vida de Dadá Maravilha

Por: Betinho Marques
Nesse dia de Galo, em 28 de setembro de 1917, nascia em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, Dorival Knippel. Filho de alemães, mais conhecido como Yustrich, iniciou sua carreira aos 18 anos de idade como goleiro no Flamengo, onde jogou até 1944, ano que se transferiu para o Vasco, e depois, para o América-RJ.
O apelido de Yustrich se deveu à semelhança de Dorival com um goleiro argentino, famoso no Boca Juniors dos anos 1930 e 1940, Juan Elias Yustrich.. O Homão começou a carreira esportiva como boxeador, mas permaneceu no ringue por pouco tempo até começar a carreira como jogador, pelo menos de forma oficial.
Após terminar sua carreira como atleta, começou sua trajetória de treinador no América em 1948. No Galo comandou o time entre 1951 e 1953 na primeira passagem – Yustrich foi expulso do time pelos atletas.
Certa vez, em 1953, Lucas Miranda pediu dispensa de uma viagem para o Pará para trabalhar na prefeitura – futebol não pagava bem – Yustrich não aceitou. Logo em seguida, proibiu Zé do Monte de beber cerveja e tirou sua braçadeira de capitão. Os atletas juntaram as forças e foram reclamar com a diretoria que dispensou o Homão, fato relatado no livro “Zé do Monte – Coleção Pai e Filho”.
Com 1,90 m e temperamento explosivo, o treinador colheu uma fama de mau que era uma grande casca de um grande caráter. Dono de incontáveis histórias, Yustrich voltou ao Galo em 1968 e ficou até 1969. Tempo suficiente para lançar Dario que conta sempre que só aprendeu a ser goleador com o Homão. Dadá era humilhado nos treinamentos, muitas vezes foi vaiado pela torcida e ridicularizado pelos colegas.
O Homão viu a ascensão de Dario após a vitória do Atlético sobre a seleção brasileira em 1969 por 2 a 1, quando o desengonçado atacante fez o gol da vitória. Outra figura da época, Amauri Horta, foi o autor do primeiro gol no histórico confronto contra “As Feras do Saldanha”, que valorizaram o embate com o tento de Pelé, mas que foi insuficiente para bater o Galo “vermelho” que usou o uniforme da Seleção Mineira naquela ocasião.
Amauri também tem na memória o dia do nascimento dos filhos gêmeos que não viu. Yustrich não tolerava atrasos, jogador que fumava ou tinha cabelo grande. Segundo Horta, após um jogo contra o Internacional, no Rio Grande do Sul, o Atlético retornou a BH com alguns problemas, já que chovia muito na volta. Mesmo assim, nem o desgaste impediu o time de chegar direto e ir treinar. Só após o “protocolo” do treinador que o meio-campista pôde correr para o hospital, no entanto, os filhos já tinham nascido.
Arrependido, de repente, Yustrich e a sua esposa bateram na porta do quarto da maternidade com um buquê de flores, pedindo desculpas à esposa de Amaury. Essa história e muitas outras espetaculares de Dorival Knippel podem ser conferidas no rico e belo material escrito por Ivan Drummond (leia aqui).
O COBERTOR NO CALOR
Disciplinador, em alguns momentos considerado arcaico, Yustrich marcou época também por seu conhecimento do “riscado”, mas foi no zelo paradoxal pelos seus atletas que colheu ótimos resultados, histórias e grandes confusões.
Uma dessas histórias curiosas contadas por Ivan Drummond foi sobre o centroavante Marcão que chegou ao América em 1975, depois de ter sido destaque do Guaxupé no mesmo ano. Querendo melhorar o rendimento do atleta que admirava, o Homão interveio na preocupação que tinha: o peso do atleta.
“Ele é artilheiro por sua habilidade e pelo tamanho, mais de 2 metros. Mas tem um problema: ganha peso com facilidade. Tenho de resolver isso e já sei o que vou fazer.”
Yustrich encomendou quatro cobertores. Era verão. E todos os dias, terminados os treinos, ele esticava um cobertor atrás de um dos gols do CT Vale Verde e mandava Marcão se deitar, colocava outros três cobertores por cima e o deixava no sol por pelo menos uma hora. “Quero ver se não vai perder peso”, dizia, vigiando. Passou a controlar a alimentação do jogador, que emagreceu e voltou a marcar gols.
FICHA TÉCNICA
Dorival Knippel – Corumbá/MS
Nascimento: 28/09/1917
Falecimento: 15/02/1990
Jogador: Vasco, Flamengo (Campeão Carioca 1932, 1933 e 1934) e América-RJ
Treinador: América-MG, Atlético, Cruzeiro, Siderúrgica, Flamengo, Corinthians, Coritiba, Bangu, Villa Nova-MG, Democrata-GV, Porto- POR
No Galo – Foi Campeão Mineiro de 1952 e participou da campanha de 1953, no ínicio da caminhada do pentacampeonato do Atlético. Yustrich se tornou técnico da Seleção Brasileira por uma única partida e de uma maneira peculiar. Em dezembro de 1968, o Atlético foi convidado a representar o Brasill num amistoso contra a antiga Iugoslávia. Vestindo a amarelinha, o Galo venceu por 3×2.
Nos outros – Destaque para os títulos com o Porto: Português (1955-56) e a Taça de Portugal (1956). Venceu o polêmico título Mineiro de 1948 do América. Com o Siderúrgica foi campeão de 1964 e no Cruzeiro foi campeão em 1977.
Fontes de consulta: espn.com.br; galodigital.com.br; falagalo.com.br; terceirotempo.uol/que-fim-levou; wikipedia.org.br; mg.superesportes.com.br; Zé do Monte – Coleção Pai e Filho