Preto no Branco: eu vou aonde o Galo for

Por Max Pereira
O Atlético nessa semana está conhecendo os caminhos e os desafios que terá pela frente em duas das três competições de porte que disputará no restante desta temporada. Em um país continental, desigual em vários aspectos, jogando praticamente em todos os dias da semana e, por vezes, enfrentando contrastes climáticos significativos e deslocamentos desgastantes, qualquer clube se obriga a planejar a sua temporada e a tomar determinados cuidados, sob pena de colher fracassos avassaladores e prejuízos catastróficos.
E, quando a Libertadores leva o time a jogar em determinados países ou em altitudes sufocantes e também a enfrentar viagens de logística extremamente complicada e ultra pesada, o desafio para qualquer clube, independentemente de status, tradição, peso da camisa e história no futebol de seu país, no continente e no mundo, é sempre monstruoso e, muitas vezes, insuperável.
Na segunda-feira o Atlético conheceu seus adversários na fase de grupos da Libertadores 2023, Athletico Paranaense, Libertad (Paraguai) e Alianza de Lima (Peru). Havia um receio natural de que o Glorioso caísse em um daqueles grupos da morte. E, embora não vá enfrentar nessa etapa nenhum gigante do futebol brasileiro ou do futebol argentino e, tampouco, jogar na altitude, o Atlético sabe que vai se bater com oponentes que merecem o máximo de respeito e que, no futebol de hoje, não existem mais adversários bobos e inocentes. Enfrentar propostas de jogo diferentes, torcidas adversárias, ambientes muitas vezes hostis e arbitragens e VAR controversos, é o mínimo que se pode esperar.
E é preciso, alem disso, prestar muita atenção na sequência de jogos que será forçosamente entremeada com partidas do Brasileirão e da Copa do Brasil. O Glorioso inicia sua caminhada na fase de grupos da Libertadores jogando em casa contra o Libertad do Paraguai, líder do atual campeonato de seu país. Na sequência, joga contra o Furacão na Arena da Baixada, recebe em seguida e nesta ordem o Alianza de Lima do Peru e o Xará Paranaense e fecha a sua jornada nesta etapa jogando fora de casa contra o Alianza em Lima e, por último, contra o Libertad em Assunção.
Pontuar em casa parece ser uma obrigação. Mas, fazer uma campanha equilibrada e buscar pontos fora de seus domínios também é objetivo que não pode ser desprezado. Todos os cuidados com a logística e com o planejamento serão fundamentais, já que o desgaste será inevitável.
Se nada o atrapalhar, se tiver paz e tranquilidade, elenco equilibrado, o planejamento for bem executado e Coudet tiver peças e condições para ajustar e rodar o grupo, o Atlético tem plenas condições de avançar na Libertadores. O tal elenco largo que o Turco Mohamed sempre defendia e reclamava é mais do que essencial a partir de agora.
O Galo conhece nesta quarta-feira seu primeiro adversário na Copa do Brasil e os caminhos para chegar ao tri-campeonato. Aqui é mata-mata até a grande final. Embora seja uma competição de tiro curto, o calendário estrangulado e perverso do futebol brasileiro faz a Copa do Brasil alongar-se por vários meses.
Disputar simultaneamente três competições importantes e com características próprias e diferentes entre si, virando a chave de uma para outra constantemente, é algo insano e requer, além de um condicionamento físico especial e recursos táticos variados, saúde mental, emocional e psicológica. Enquanto o Brasileiro, competição de tiro longo, exige regularidade, as copas não permitem recuperação. Ou vence ou está fora.
Se intramuros do clube dirigentes, funcionários, comissão técnica e jogadores têm, cada qual, dentro de suas funções e conforme o seu nível de poder e de decisão, uma missão a cumprir para que o Atletico renda o máximo e busque os títulos colimados, fora deles, o papel da sua massa torcedora não é menos importante.
Pensando na alma atleticana que tão bem conheço lembrei-me uma vez mais da canção de Baby do Brasil e Pepeu Gomes “MASCULINO E FEMININO”. É que, já escrevi não me lembro quando, que a paixão pelo Atlético é masculina e feminina.
E não custa perguntar novamente: de onde vem a nossa paixão? E a resposta continua sendo a mesma: meu coração mensageiro vem me dizer que ela vem lá de dentro, de um lugar que só quem é atleticano consegue acessar. É sentimento, é magia.
Em 2013 a Massa, enfeitiçada pela magia de um Bruxo, acreditou, desceu das arquibancadas e abraçou o time, tornando-o invencível. O grito de “Eu Acredito”, ecoado das arquibancadas, fez o time acreditar e tornar possível aquilo que parecia inalcançável, os adversários tremerem e encantou o mundo futebol. Em 2021, em um processo inverso, um incrível super-herói e sua legião fizeram a Massa acreditar, descer uma vez mais das arquibancadas e amarrar com as suas veias as chuteiras de nossos craques. Deu no que deu.
E agora? Agora eu tenho a minha resposta. Eu vou aonde o Galo for. E, se não for fisicamente, porque isso nem sempre será possível, eu estarei lá, mental e espiritualmente. Eu farei os nossos jogadores sentirem que não estão sozinhos.
Cobrar, criticar e provocar são exercícios divinos e mais que saudáveis se feitos com inteligência e diligência. Jogar junto com o time é também um exercício inspirado pelos deuses do futebol, porquanto é fazer o time transcender, acreditar que nada é impossível, superar barreiras e conquistar a glória.
Os três maiores desafios do Atlético nesta temporada estão por se iniciar. Ir com o time aonde ele for é o grande desafio de uma torcida que já derrotou o vento. Mole, não? Bom, eu sei que eu vou. E você vai aonde o Galo for?
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