Crise mundial dos semicondutores pode afetar a Arena MRV? Fomos atrás de respostas!
Por: Silas Gouveia
Um tema vem sendo debatido na imprensa mundial agora passou a ser mais uma das preocupações dos gestores da Arena MRV, frente ao cronograma cada vez mais estrangulado para a inauguração do estádio. A falta de componentes eletrônicos (especialmente os chips) teve início no mesmo período que teve início a pandemia, quando várias empresas tiveram de interromper suas produções e com isto, diminuir a demanda de componentes daquelas indústrias que compõe sua cadeia logística.
Mas afinal, o que são semicondutores?
Compostos por silício ou germânio, os semicondutores são materiais que conduzem correntes elétricas em um nível intermediário aos isolantes — que não conduzem bem a energia elétrica — e os condutores — que têm facilidade em conduzir energia. O seu grande diferencial, no entanto, é sua capacidade de transmitir a corrente elétrica somente quando há estímulo.
Devido às suas caraterísticas, os semicondutores são matéria-prima para a produção de chips usados na fabricação de uma variedade de dispositivos eletrônicos, como smartphones, notebooks, aparelhos de TV, videogames, calculadoras, computadores de carros, dispositivos inteligentes para residências, bem como tecnologias para fomentar a automação, implantar a internet 5G e a computação em nuvem.
As principais áreas que consomem semicondutores são:
- Networking e comunicações;
- Processamento de dados;
- Indústrias (energética, medicina, aeronáutica e reparação);
- Bens de consumos;
- Automotiva;
- Computadores e servidores.
Com a queda na demanda e os diversos “lockdown” mundo afora, o setor industrial acabou sendo fortemente afetado. A indústria automobilística, que a cada dia usa mais e mais componentes eletrônicos, passou a não mais demandar este tipo de material, por absoluta falta de produção de automóveis. Obviamente que assim como seus compradores, as indústrias produtoras de eletrônicos também diminuíram suas produções para evitar maiores perdas com excesso de produção.
Acontece que também por conta da pandemia e lockdown (confinamento), outros segmentos industriais viram impulsionadas suas vendas, como foi o caso de TV’s, Smartphones, computadores e equipamentos para vídeo conferências, dentre outros. Com isto, aquela demanda que antes era direcionada a um tipo de segmento específico, migrou praticamente toda para os novos segmentos demandantes. E não há produção mundial que consiga suprir todas as demandas mundiais ao mesmo tempo, sem que haja um enorme investimento no setor de semicondutores e um prazo de pelo menos um ano para que se possa gerar a quantidade de produtos para atender a toda demanda represada e a novas demandas destes outros setores. A consequência imediata foi um aumento exponencial nos preços deste tipo de produto e uma readequação aos prazos de entrega dos pedidos, mesmo dos que já haviam sido realizados com antecedência. A famosa lei da oferta e procura.
Soma-se a tudo isto, a guerra entre Rússia e Ucrânia (dois maiores produtores de Paládio e Gás Neônio – substâncias essenciais à produção de Chips) e também uma guerra geopolítica entre EUA e China no campo de eletrônicos, que fez com que as autoridades americanas colocassem a maior empresa produtora de semicondutores do mundo, numa lista que restringe o acesso de empresas a tecnologias de ponta desenvolvidas nos Estados Unidos (EUA). A medida, que foi tomada pelo próprio governo do país norte-americano, já está impedindo que a SMIC mantenha sua capacidade total de produção.
A Arena MRV vem sendo divulgada há tempos, como a arena mais tecnológica do Brasil. E tudo isto deriva de produtos eletrônicos que são produzidos com este tipo de material. Assim sendo, uma importante parte tecnológica da Arena MRV foi duramente atingida por esta crise mundial de semicondutores, que é parte do acesso remoto, ou da transmissão de dados via Wi-fi, base de todo sistema de comunicação do projeto da Arena e suas facilidades prometidas aos usuários.
A previsão inicial era de que todo sistema de conexão de sinais de internet via Wi-fi estivesse disponibilizado até maio de 2023. Mas esta crise e a falta de outros fornecedores, fez com que o planejamento fosse alterado fazendo com que este prazo se estenda para setembro de 2023.
Buscamos mais detalhes sobre esta situação e os responsáveis da Arena MRV para estes serviços responderam o seguinte:
“A Arena MRV não irá retardar seu cronograma geral em virtude deste fato, mas deverá colocar em funcionamento apenas os serviços que não demandem deste tipo de conexão, até que todo material seja entregue e tudo possa estar resolvido. Em resumo, terão algumas dificuldades iniciais de entrega de serviços de internet, mas não será suficiente para atrasar ainda mais a expectativa do torcedor finalmente poder assistir os jogos em sua nova casa.
Com relação à falta de componentes de tecnologia, fazemos uma analogia com a fabricação de veículos. Quando você compra um carro e quer uma cor que muitas pessoas também compraram, há uma fila para receber o seu veículo. É isso que acontece com os materiais que encomendamos há mais de 12 meses, mas, mesmo com a crise, nossos parceiros se esforçaram muito e tivemos prioridade nas fábricas. Se fosse um projeto comum, não teríamos nada.
Não haverá impacto para a transmissão das partidas por meio dos detentores de direito de transmissão das competições, assim como não haverá na comercialização de itens nas lanchonetes da arena.
O nosso plano de tecnologia é muito robusto e, dentro do planejamento acordado, os primeiros diferenciais estarão implantados após 1 ano da inauguração, mas temos muito mais em ondas anuais até 2025. Inclusive o super app, que será o centro de gravidade da Arena MRV, estará disponível já no segundo evento teste.
Claro que, ao longo do tempo, esse serviço será aprimorado com a finalização de todo o planejamento e com a finalização da chegada dos equipamentos necessários e a instalação. Faz parte do nosso propósito gerar sempre bem-estar, personalização, facilidade, entretenimento e integração para nossos públicos”.
Cabe salientar que, segundo o CEO do Atlético e da Arena MRV, Bruno Muzzi, muito em breve o super app estará sendo disponibilizado para os profissionais de imprensa baixarem e fazerem testes e avaliações do mesmo, na busca de melhorias do app e do sistema como um todo.