Coluna Galo Análises: Atlético e os números do jogo
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Por: Antônio Carlos (Galo Análises)
Até o presente momento do campeonato brasileiro, após 12 rodadas, alguns números e parâmetros apresentados pelo Galo nos permitem fazer algumas leituras interessantes. Os dados apresentados a seguir foram obtidos do Instat, uma das plataformas de scout mais utilizadasatualmente. Aqui, um “spoiler” óbvio: vamos mostrar bons números ofensivos e números defensivos bem abaixo do desejado. De qualquer maneira, são números cuja leitura e interpretação nos ajudam a entender um pouco a situação e o desempenho da equipe até aqui.
Nesse Brasileiro, o Galo é o segundo colocado em gols (17 gols) e o terceiro em chances claras de gol (75), sendo também o time que mais finaliza no campeonato (em média 16 chutes por jogo) e o terceiro que mais acerta o gol adversário (5,1 chutes por jogo). Porém, apesar desses bons números ofensivos, o Galo é simplesmente o décimo terceiro colocado no que diz respeito às chances de gol com sucesso – apenas 23% -, ou seja, é uma das equipes que mais perde gols, ou que precisa de mais finalizações para fazer um gol.
Ainda sob o ponto de vista ofensivo, outros números que corroboram e complementam os já analisados são as entradas no terço final e na área adversária. São parâmetros onde o Galo também se destaca positivamente, sendo a equipe que mais entra no terço final do campo (45 vezes por jogo) e também é a primeira equipe em entradas na área adversária (18 vezes por jogo). Isso só confirma a alta produção ofensivo da equipe, em que pese a questão do aproveitamento ruim das chances de gol que constrói. É uma equipe que produz muito ofensivamente, mas precisa “calibrar” mais as finalizações para obter mais sucesso.
O Galo também é a equipe que mais troca passes no campeonato, com uma média de 569 passes trocados por jogo; além disso, é também a equipe de maior precisão nos passes trocados (87%). É um time que privilegia o passe, que normalmente trabalha bem a bola, passando por todas as fases de construção; é comum nos jogos do Galo se observar posses mais prolongadas, de um ou mais minutos, onde a equipe tenta encontrar espaços para progredir no campo. Ao contrário do que diz o senso comum, não é a equipe do “chutão”, embora também se utilize de bolas longas, lançamentos e inversões para chegar ao gol adversário quando surge a oportunidade ou quando o jogo pede por isso. Isso se traduz no campo em mais posse de bola, que é outro parâmetro onde o Galo é líder: a posse de bola atleticana média, por jogo, é de 57%.
Se do ponto de vista ofensivo a coisa caminha relativamente bem, o mesmo não podemos dizer do ponto de vista defensivo, claramente um dos problemas da equipe no momento atual. Por incrível que pareça, o Galo é uma das defesas que tem mais gols sofridos (14 gols), em que pese o fato de que cinco desses gols aconteceram em apenas uma única partida. Curiosamente, o Galo é o terceiro em desarmes (35 por jogo), mas é o décimo nono colocado (penúltimo!!!) em interceptações! Ora, o que podemos inferir desse número? Em geral, poucas interceptações podem ser interpretadas como sintoma de um time que joga espaçado, com as linhas distantes. É exatamente essa deficiência que percebemos em muitos momentos na organização defensiva do Galo, e é exatamente onde os ajustes mais urgentes precisam ser feitos.
Por último, mas não menos importante, um dado curioso. O Galo é uma das equipes que menos concede chances de gol ao adversário, mas é ao mesmo tempo uma das equipes onde as poucas finalizações sofridas tem uma probabilidade maior de se transformar em gol. Como explicar esse fato? Penso que a explicação passa por alguns parâmetros já mencionados anteriormente.
Um deles é a posse, vista aqui positivamente: como é uma equipe que geralmente tem mais posse de bola que o adversário, o simples fato de ficar mais tempo com a bola faz com que o seu oponente tenha menores oportunidades de finalizar – o que leva a uma constatação óbvia: a posse também é uma maneira de se defender. Com a posse, um time pode não apenas marcar mais gols e sofrer menos, mas também ganhar mais partidas.
O destaque negativo fica por conta da já mencionada falta de compactação em alguns momentos de organização defensiva. Dificuldades na recomposição, setores mais espaçados, deficiência no controle de profundidade da última linha geram momentos de falhas (individuais e coletivas) exatamente quando a equipe está mais desorganizada e exposta; é quando as finalizações adversárias acontecem e são mais letais.
Podemos deduzir que o Galo é uma equipe que apresenta atualmente um desequilíbrio muito grande entre a organização ofensiva e a organização defensiva. Ofensivamente, pequenos ajustes precisam ser feitos para melhorar algo que não está ruim; já defensivamente, o trabalho é maior. Cabe ao treinador encontrar soluções tanto para o baixo aproveitamento nas chances produzidas quanto nos já mencionados problemas de organização defensiva.
ESTE TEXTO E DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR, NAO REFLETE, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DO PORTAL.