Analista de desempenho – que trabalhou com Cuca e Turco – aponta possíveis motivos para queda defensiva do Atlético

Por: Hugo Fralodeo
No ano mágico de 2021, apesar da magia acontecer do meio para frente, o Atlético seguramente só chegou às conquistas por também ter uma defesa sólida. De um ano para o outro, a defesa que dificilmente era vazada, passou a levar mais gols e os defensores que raramente falhavam, passaram a cometer mais erros. A pergunta que fica: a simples troca no comando técnico foi suficiente para causar queda tão brusca na defesa?
Quem responde é o analista de desempenho, Fred Fortes, que trabalhou no Atlético entre 2018 e 2022, portanto, esteve presente nas conquistas de 2021 e em parte da gestão de Turco. Fred foi entrevistado no programa ‘Papo de Setoristas’, no canal no YouTube do jornalista Breno Galante.
Fred apontou as diferenças entre a montagem defensiva dos dois treinadores e revelou como e porquê isso pode ter afetado o desempenho dos jogadores:
“Eu acho que a confiança e o momento pesam muito. No ano passado, o time estava encaixado. O Cuca trabalha com essa marcação encaixada. Quando vem um treinador novo – não estou criticando -, mas, o Turco tem ideias boas de marcação, que puxam para um jogo mais europeu, com duas linhas mais próximas, mas os jogadores não adaptaram. E aí, quando você volta a tentar adaptar um novo modelo, ainda fica um pouco automático no jogador. No começo do Cuca, a gente via vários jogadores saindo para marcar individual e abrindo espaços.”
Completando, Fred se aprofundou um pouco nessa questão tática, frisou que mudanças demandam tempo, além de destacar que o momento do Atlético também pesa contra os jogadores:
“Um (técnico) marcava por zona e o outro marca individual. Com o Cuca, ano passado a gente tinha referências individuais, todo mundo sabia quem iria marcar antes do jogo, estava tudo estruturado. Aí vem o Turco, que não gosta do trabalho assim. Prefere duas linha de quatro, e o jogador que passar no setor, vai pegar. E volta o Cuca, implementando novamente esses encaixes. Não é automático (a mudança), os jogadores precisam de um tempo. E a necessidade de resultados, a pressão que eles têm para conseguir as vitórias, atrapalha. Eu tenho certeza que eles querem mostrar para o torcedor que eles são o mesmo time do ano passado, mas atrapalha”.